Porta-voz descarta violação do segredo da Confissão, na troca de informações
Cidade do Vaticano, 12 jul 2023 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano confirmou hoje que o promotor de Justiça do Estado entregou às autoridades italianas documentação “reservada” sobre o desaparecimento de Emanuela Orlandi, em 1983.
“O gabinete do promotor de Justiça está a cooperar ativamente com as autoridades italianas competentes. Precisamente com esse espírito, no último dia 19 de abril, os magistrados do Vaticano entregaram confidencialmente à Itália, sob sigilo de investigação, a documentação disponível relativa ao caso, inclusive a que foi recolhida nos meses anteriores, durante a atividade instrutória”, refere Matteo Bruni, em nota enviada aos jornalistas.
A Santa Sé, acrescenta o comunicado, “partilha o desejo da família de chegar à verdade sobre os factos e, para isso, espera que todas as hipóteses de investigação sejam exploradas”.
O porta-voz do Vaticano refere-se ainda a novas notícias, que dizem respeito a um familiar de Emanuela Orlandi, precisando que “a correspondência em questão indica expressamente que não houve violação do sigilo sacramental da Confissão”.
Segundo a imprensa italiana, na documentação constariam informações sobre Mario Meneguzzi, tio da jovem desaparecida, o qual teria alegadamente molestado Natalina Orlandi, a irmã mais velha de Emanuela.
Na tarde de terça-feira, Pietro e Natalina Orlandi falaram aos jornalistas, na sede da Associação de Imprensa Estrangeira, em Roma.
A irmã de Emanuela precisou que não houve nenhuma violência sexual por parte do tio, mas “apenas investidas verbais e pequenos presentes”, tendo este parado “ao perceber que não conseguiria nada”.
Pietro Orlandi, também irmão de Emanuela, considerou que as notícias procurariam desviar responsabilidades para a sua própria família, lamentando esse facto.
Ambos sublinharam que Meneguzzi estava fora de Roma, em férias, quando Emanuel Orlandi foi dada como desaparecida.
A 25 de julho, o Papa assinalou no Vaticano o 40.º aniversário do aniversário do desaparecimento da jovem italiana, vista pela última vez a 22 de junho de 1983.
“Desejo aproveitar esta circunstância para manifestar, mais uma vez, a minha proximidade aos seus familiares, sobretudo à mãe, e assegurar a minha oração. Estendo a minha recordação a todas as famílias que carregam a dor de uma pessoa querida desaparecida”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
Emanuela Orlandi, filha de um funcionário do Vaticano, “desapareceu misteriosamente” no centro de Roma, no dia 22 de junho de 1983, recorda o portal de notícias do Vaticano.
De acordo com o ‘Vatican News’, a decisão de abrir uma nova investigação sobre o desaparecimento da jovem, em janeiro deste ano, teve por base os “pedidos feitos pela família em vários fóruns”.
Desde a reabertura do caso, em janeiro, foram recolhidas “todas as evidências disponíveis nas estruturas do Vaticano e da Santa Sé, procurando também certificá-las, através de conversas com as pessoas responsáveis por alguns escritórios, na altura dos factos”.
OC