Quando será Natal?

Mensagem de Natal do Bispo de Beja A Igreja coloca o princípio do seu ano sob o signo da esperança e do nascimento de uma criança na gruta de Belém, cujo nome é Jesus, que desde há dois mil anos tem sido invocado e aceite por milhões de pessoas como Salvador, mensageiro celestial da paz, do amor, da verdade, da justiça. Essa criança, cujo nascimento é o Natal, veio dar cumprimento àquilo que o povo judeu cantava desde há séculos no salmo 85: O amor e a fidelidade vão encontrar-se. Vão beijar-se a justiça e a paz. Da terra vai brotar a verdade e a justiça descerá do céu. Esperanças e desordens da nossa sociedade Estas esperanças cantadas no salmo são expressão do mais profundo anseio dos povos e de cada pessoa. Quem não deseja amor, justiça, verdade e paz? E, no entanto, constatamos em nós e à nossa volta grandes ódios, injustiças, mentiras e guerras! É caso para repetir com S. Paulo que fazemos o que não desejamos (Rm 7, 24). Esta constatação deve ser para nós um alerta, para estarmos vigilantes e atentos aos impulsos do nosso coração e aos sinais do nosso tempo, cultivando com todos os meios ao nosso alcance e com todas as nossas forças a mensagem cantada no Salmo, desejada por Deus e realizada na pessoa do Menino que nos foi dado, nascido em Belém e anunciado pelos anjos aos pastores. Mensagem do acontecimento natalício Mas será possível realizar a mensagem de Natal e vivê-la no nosso tempo? Na pessoa de Jesus realizou-se, mas com o dom da sua vida, desde a mangedoura de Belém até à manhã de Páscoa. Através dos seus discípulos, alguns mais fiéis e corajosos que outros, continua a revelar-se possível, mas sempre através do amor, que é verdade, justiça, solidariedade, atenção e ajuda aos mais débeis, misericórdia, perdão, dom da vida. Por isso, nós que acreditamos em Jesus Cristo e esperamos que o seu reino aconteça, não podemos adormecer, calar-nos e permitir que tantos irmãos nossos sejam vítimas do ódio e da injustiça. O nosso Papa Bento XVI acaba de brindar-nos com uma linda carta encíclica sobre a esperança (a sua leitura e a oferta aos amigos pode ser um bom presente de Natal). Nela afirma que o mundo sem Deus não consegue dar uma resposta ao anseio de felicidade da pessoa humana. Embora a realização plena da felicidade seja na vida eterna, no entanto ela começa a ser exercitada no nosso peregrinar sobre a terra, segundo os dons e capacidades de cada pessoa e de cada povo. Natal na diocese de Beja Neste sentido, dirijo-me a todos os cristãos e colaboradores empenhados na vida da Igreja no Baixo Alentejo, começando pelos membros do clero a trabalhar nas paróquias ou serviços diocesanos, para nos deixarmos imbuir do espírito de Natal, para continuarmos a falar de Deus ao mundo, sobretudo com o testemunho da nossa vida pessoalmente desprendida dos interesses egoístas e comprometida com os mais débeis e indefesos, crianças, idosos, doentes, migrantes explorados, mães solteiras, mulheres vítimas de violência doméstica e pessoas a viver na solidão. A voz da Igreja continua a ser uma força profética para a construção de um mundo melhor. Não deixemos apenas aos interesses políticos e económicos as propostas de solução das desigualdades entre as pessoas, as sociedades, os povos e os continentes. O mundo precisa de Deus como de pão para a boca e os marginalizados deste mundo precisam de nós que acreditamos em Jesus Cristo e celebramos o Natal. No tempo pascal de 2008 vamos ter entre nós a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, vinda da Cova da Iria. Sessenta anos depois da primeira vinda ao Alentejo e noventa anos depois das aparições aos pastorinhos de Fátima, vamos preparar-nos para a receber e aproveitar para ver como está a nossa correspondência aos apelos que nos transmitiu: conversão, penitência, oração pela paz no mundo e conversão dos pecadores. O mundo precisa de arautos convictos desta mensagem evangélica, pois o mistério da liberdade e da iniquidade continua a atropelar a vida de muitas pessoas, povos e continentes. Correspondendo ao apelo do Papa Bento XVI feito aos bispos portugueses em Novembro, queremos construir uma Igreja de comunhão, mais corresponsável e comprometida na construção da família humana e cristã. Para isso precisamos de conversão, oração e formação permanente, para podermos ser fiéis ao Evangelho e estarmos prontos para testemunhar as razões da nossa esperança. Para todos, comprometidos com Deus e uns com os outros, Santo Natal e ano de 2008 repleto de êxitos na construção de uma sociedade sem atropelos aos direitos humanos e por issso também mais evangélica, mais de acordo com a família de Nazaré, cujos membros, Maria, José e o Menino Jesus, são as figuras centrais das festas que celebramos nesta quadra festiva! † António Vitalino, Bispo de Beja

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top