Presidente da Fundação JMJ diz que iniciativa deixou o Papa «muitíssimo feliz»
Paredes, 04 jul 2023 (Ecclesia) – O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 disse hoje que a proposta de amnistia a jovens reclusos, a propósito da visita do Papa a Portugal, é um “gesto de misericórdia” e um sinal da aposta na “reinserção social”.
“Não matemos a ideia deste gesto de misericórdia para com alguém que cometeu um crime”, apelou D. Américo Aguiar, em declarações aos jornalistas, no final de uma visita a duas fábricas de mobiliário em Paredes, distrito do Porto.
O responsável comentava as polémicas surgidas a respeito da proposta do Governo, indicando que “o Papa ficou muitíssimo feliz com a possibilidade de associar à sua presença em Portugal, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um gesto de misericórdia e de perdão em relação aos jovens, de modo especial”.
Assinalando que não se pronunciava sobre questões jurídicas nem de constitucionalidade, o bispo auxiliar de Lisboa pediu aos deputados e aos partidos políticos que “não percam aquilo que é o essencial, que é este gesto de misericórdia para com quem falhou em algum momento da sua vida”.
D. Américo Aguiar admitiu que este perdão seja alargado a “para toda a gente”.
“A quem falhou não podemos matar a esperança”, afirmou.
O bispo auxiliar de Lisboa evocou os reclusos, os guardas prisionais, as vítimas e as suas famílias, envolvidos nesta questão.
“Como sociedade, devemos acreditar que o outro é capaz de se levantar, de se corrigir. Alguém ser limitado nas suas liberdades, nos seus direitos, não é para que fique pior, pelo contrário”, apontou.
O Governo propõe o perdão de um ano para todas as penas até oito anos de prisão e uma amnistia para as contraordenações com coima máxima até mil euros, bem como para as infrações punidas com um ano de cadeia, ou, menos de 120 dias de pena de multa.
O que nos é pedido é que não desistamos das pessoas. Quando um de nós comete um crime, uma falha grave, devemos fazer tudo para que a pessoa se corrija, que a sociedade lhe aplique a pena que está prevista no contrato social de Justiça que temos, mas sem desistir das pessoas”.
A ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, reiterou hoje a “especificidade dos jovens” para a reinserção no debate sobre a proposta do Governo para amnistia e perdão de penas pela Jornada Mundial de Juventude, mas expressou abertura para alterações na especialidade.
A ministra da Justiça reiterou hoje a “especificidade dos jovens” para a reinserção no debate sobre a proposta do Governo para amnistia e perdão de penas pela Jornada Mundial de Juventude.
A proposta de lei do Governo vai seguir para debate na especialidade.
As medidas abrangem, apenas, os jovens entre os 16 e os 30 anos e os crimes e infrações praticados até ao passado dia 19 de junho, que foi a data em que a proposta de lei foi aprovada em conselho de ministros.
A organização da JMJ Lisboa 2023 confiou aos reclusos dos Estabelecimentos Prisionais de Paços de Ferreira, Porto e Coimbra a construção dos 150 confessionários que vão estar disponíveis no Parque do Perdão, no próximo mês de agosto.
D. Américo Aguiar comentou ainda os anúncios de anunciaram greves ou protestos durante o encontro mundial.
“Não ponho em causa que isso seja um direito, que vá acontecer, mas também não ponho em causa o empenho e a dedicação de todos esses trabalhadores e que tudo vai decorrer da melhor maneira, com o empenho, a dedicação e a entrega de todos”, afirmou.
O responsável admitiu que “mediatização” da JMJ seja vista como uma oportunidade para os trabalhadores “fazerem ouvir as suas reivindicações”.
A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude, e desde então tem-se evidenciado como um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas, por todo o mundo.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo passado pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
A próxima edição internacional vai decorrer na capital portuguesa de 1 a 6 de agosto de 2023, após ter sido adiada um ano, por causa da pandemia de Covid-19.
CB/OC
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