Um Menino nasceu para nós

“UM MENINO NASCEU PARA NÓS”(Is 9,5) O Natal transmite a toda a gente uma mensagem de alegria e de esperança: “Manifestou-se uma grande alegria para todo o povo” (Lc 2,10). Este anúncio, feito há dois mil anos aos pastores de Belém, mantém todo o encanto original. Deus fez-se Menino para nós, para viver connosco a aventura humana, numa atitude de radical solidariedade, sobretudo para com os humildes e os frágeis. Ele veio visitar-nos para ser a luz do nosso caminho para a paz, a fraternidade, a esperança e o amor. Esta mensagem tão maravilhosa mantém toda a actualidade. O mundo de hoje, apesar do grande progresso técnico, tem necessidade de conhecer e acolher o anúncio do Natal para passar do desespero à esperança, do individualismo à solidariedade, das trevas à luz, da vaidade à humildade, da fachada exterior à riqueza interior do coração. No entanto, o espírito de Natal corre o risco de ser abafado e suplantado pela dispersão ruidosa das festas, pelos apelos da publicidade ao consumismo. Esquece-se o acontecimento fundamental do nascimento do Menino para realçar aspectos materiais e imagens confusas. Como salvar e fortalecer o espírito de Natal? Nos últimos anos tem-se recuperado a construção de presépios, uma tradição cultural tão rica entre nós e tão oportuna para avivar a memória do acontecimento original. Precisamos de recuperar também a riqueza do significado deste sinal tão eloquente da pedagogia de Deus que, no Menino do presépio, nos manifesta o Seu amor misericordioso, nos estende os braços para ensinar a simplicidade, a fraternidade e a misericórdia como caminho para um mundo novo. No centro do presépio vemos o Menino rodeado do afecto familiar e da harmonia da criação. As crianças são um forte motivo de encanto e de esperança numa sociedade que envelhece a olhos vistos. Precisamos do crescimento da natalidade para rejuvenescer o mundo, de maior harmonia e união nas famílias para que os filhos cresçam felizes, de mais dedicação à transmissão de valores e de sabedoria para que aprendam a distinguir o bem do mal e sigam o caminho do verdadeiro amor. As crianças precisam e merecem as prendas do afecto, da atenção, da orientação. O Natal é a época das prendas. A maior de todas é a prenda de Deus que se deu a Ele próprio na pessoa de Seu Filho. Seguindo este exemplo, partilhemos também as prendas do afecto, da atenção, do serviço fraterno. Não demos apenas coisas mas demo-nos a nós mesmos em gestos concretos de amor. Não pensemos apenas em receber: Há mais alegria em dar do que em receber. Não demos apenas a quem nos pode retribuir mas a outros que não têm ninguém que se lembre deles. Ensinemos às crianças a atitude do dom. Criemos uma cultura da partilha. A minha mensagem de Natal, caros amigos e diocesanos, é um convite a acolher e interiorizar o exemplo do presépio: É o sinal da pedagogia de Deus que vem até nós em carne humana para nos ensinar que o verdadeiro humanismo, que constitui o encanto do Natal, passa pela simplicidade, pela fraternidade e pela solidariedade. É um apelo à conversão do coração, pois é no coração de cada um que inicia o mundo novo assinalado pelo Menino que nasceu para nós. A todos feliz Natal! Santarém, 14 de Dezembro de 2007 D. Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém

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