Responsáveis do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil
As JMJ Lisboa 2023 são um ponto de chegada. Serão um ponto de partida. Até aqui, percorreu-se já um longo caminho. Para refletir sobre os passos dados, nada melhor que ir à procura dos responsáveis pela Pastoral Juvenil em Portugal nos últimos 40 anos. Devo, em nome da justiça, recordar com gratidão o P. Victor Feytor Pinto (desde 1975), o P. Manuel Costa Freitas e o Dom Ilídio Leandro (1999-2000), que Deus já chamou a si.
P. Adérito Barbosa (1985-1990)
O P. Adérito Barbosa, dehoniano, hoje a trabalhar no mundo universitário, em Nampula, no norte de Moçambique, começou a investir na Pastoral Juvenil na Madeira. Depois, foi nomeado Diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), cargo que exerceu entre 1985 e 1990, ano em que foi para Espanha fazer o doutoramento, precisamente em Pastoral Juvenil. Esta longa experiência e a formação académica motivaram-no a escrever vários livros para os jovens. Lembra: ‘percorri as 20 dioceses do país dando formação aos jovens e aos animadores juvenis. Nunca teremos uma profunda pastoral de jovens se não formarmos com qualidade os seus animadores. Temos de caminhar muito. Há muita estrada a fazer. Estamos ainda numa fase verde. Há que caminhar para a maturidade. Envio saudações de África para todos/as’.
P. Augusto Gonçalves (1996-1999)
O P. Augusto Gonçalves reanimou o DNPJ em 1996, após seis anos em hibernação. Foi o seu diretor até
1999. Partilha: ‘Para Portugal, a JMJ em Lisboa é acontecimento único; é o chamamento a uma maior atenção aos jovens, dando-lhes mais protagonismo. Desafia o país a dar-lhes mais valor e atenção, numa abertura à vida, ao trabalho, à criatividade e ao seu futuro. Os jovens poderão dar à Igreja uma face nova. Poderão ajudar imenso a construir uma Igreja mais próxima, criativa e renovada. Para a Igreja, esta celebração ímpar ajudará a perceber melhor os anseios e as inquietações dos jovens com a pedagogia de Deus. Com a vida dos jovens, a Igreja será a Igreja de Jesus Cristo. Será esperança no presente, desenvolvendo um diálogo sereno e dinâmico. Em vez de estar à espera dos jovens, a Igreja é convidada a meter-se no seu meio, procurando descobrir o caminho que todos precisamos de percorrer. Todos alargaremos os horizontes, daremos mais atenção aos jovens e seremos todos referência uns para os outros. A Igreja em Portugal vai fazer a sua apresentação ao mundo juvenil’.
Leonel Rocha (2001-2004)
D. Ilídio Leandro foi o responsável do DNPJ em 1999 e 2000. Manuel Oliveira de Sousa e Leonel Rocha, leigos com compromissos nos mundos da política e da educação, partilharam a responsabilidade do DNPJ de 2001 a 2004. Diz Leonel Rocha: ‘Umas Jornadas Mundiais da Juventude são sempre acontecimentos que marcam. Marca a vida do Jovem, que respira universalidade, podendo entender melhor o que é ser Católico; tem a oportunidade de escutar as palavras sempre interpeladoras do Santo Padre; pode reforçar as suas memórias de fé, revendo-se na fé de muitos outros jovens. Marca a Igreja, porque toma o pulso ao futuro da Igreja, que são os jovens; porque tem a oportunidade de interpelar o mundo, convocando os jovens para a missão de serem presença de Cristo e Igreja no mundo, no lugar onde vive; marca as Igrejas locais porque reenvia os Jovens para um maior empenho nas suas comunidades. Marca Portugal, porque, desde logo, se trata de um evento mundial, que atrai as atenções do mundo, no nosso país; marca Portugal porque trará mais um milhão de Jovens de todo o mundo e o Santo Padre, que não deixará nenhum português indiferente. A JMJ 2023 será um acontecimento especial para todos e, se deixarmos o Espírito Santo atuar em nós, deixará muitos frutos positivos para o nosso país, para a Igreja e para a juventude’.
Manuel Oliveira Sousa (2001-2007)
Manuel Oliveira de Sousa, que assumiria o DNPJ por mais alguns anos (até 2007), partilha: ‘A primeira de todas as dádivas da JMJ Lisboa é, com a certeza que podemos ter na messe, em que o semeador sai todos os dias para semear, é voltar a preparar a terra. Esta JMJ, em contexto de pandemia e pós-pandemia, acentuou, exacerbou até, aspetos que não são essenciais na “evangelização por dentro” – afastamento por razões pandémicas; muita propaganda e pouca comunicação; muitos pais e avós a serem os “protagonistas” no lugar dos jovens (filhos/netos – porque estes têm outros interesses); muito ruído e pouca concentração na missão! Nunca uma JMJ foi tão cibernética; digital, “social media”! Esta JMJ, em Lisboa, fechar-se-á sobre si mesma no dia 7. Por isso, a segunda oportunidade, é voltar a começar. Voltar à vivência em comunidade preparando novas lideranças, novos planos, novas estratégias, novos agentes, novos protagonistas,…, novos jovens! Nascer de novo!’.
P. Vasco Pedrinho (2007-2008)
O P. Vasco Pedrinho assumiu a direção do DNPJ em 2007, tendo vivido as JMJ de Sydney, na Austrália, em 2008. Deixaria o cargo, pouco tempo depois, por razões pessoais.
P. Pablo Lima (2009-2011)
O P. Pablo Lima seria o diretor do DNPJ de 2009 a 2011, escrevendo agora de Cambridge: ‘As JMJ são uma das oportunidades mais marcantes que um jovem pode ter na sua vida e na sua caminhada de fé. Elas permitem uma experiência de amizade, fraternidade e internacionalidade e um mergulho na fé e na oração que escapam à experiência “paroquial”, no sentido mais pequeno do termo. Podem ser um autêntico “Pentecostes”. Enquanto iniciativa eclesial, elas exigem um esforço logístico, um investimento de energia e criatividade e um dinamismo pastoral que arrancam as pessoas e comunidades do marasmo habitual. Ao nível pessoal, implicam assumir o risco do encontro e do desconhecido que desinstala e abre à ação da graça divina. Por outro lado, as JMJ são uma experiência muito rápida e efémera: 5 ou 10 dias após meses ou anos de preparação. Nesse sentido, é absolutamente essencial, para garantir os frutos, que a experiência seja organizada e vivida como um ato de fé evangelizadora e não apenas como um “grande evento” e que haja um investimento radical no pós-jornadas, sob pena de ser uma atividade efervescente’.
P. Eduardo Novo (2012-2017)
O P. Eduardo Novo defende que ‘possibilitar o encontro, promover a JMJ é ‘permitir aos jovens uma experiência de ‘diálogo, solidariedade’ e de reflexão sobre “direitos, deveres e valores fundamentais que estão na base de um futuro melhor’, como o desejou o núncio da Santa Sé em Portugal, D. Ivo Scapolo. O P. Eduardo partilha ainda a experiência feliz de D. José Ornelas que confessou: ‘senti a alegria no encontro, fruto da mobilização, em volta da passagem dos símbolos nas nossas Dioceses e comunidades. Senti a alegria da partilha de um tempo de graça e de encontro de gerações. Senti o silêncio que brada diante do contemplar a Cruz e que nos faz voltar a tudo o que temos guardado no coração. Senti a espera e a alegria da chegada. Senti o carinho com que se prepara e acolhe. Senti a vida feita dom e partilhada na fé e no encontro. Senti a abertura na articulação com autoridades, instituições, processos em curso, não só da logística, mas muito mais, de interesse, de motivação de pessoas’. Conclui o P. Eduardo: ‘Porque este dinamismo não pode parar, não podemos voltar como fomos… não podemos voltar para fazer como fazíamos… mas renovados e revitalizados com novas forças e perspetivas. E, no pós JMJ, sejamos capazes de sonhar juntos o encontro de uns com os outros, para que não seja apenas mais um grande evento no meio de tantos, mas que fortaleça a comunidade no presente do futuro. Espero, com esperança! Que a juventude encontre…o que apressadamente anseia’.
Vêm aí as JMJ Lisboa 2023
2017 marca o início de missão do P. Filipe Diniz, o atual responsável pelo DNPJ, a quem coube receber, no Panamá, a feliz notícia da atribuição da organização das JMJ 2022 a Portugal. E, um ano depois do previsto, tudo está a ser feito para que este evento mundial seja um grande momento de encontro, celebração, cultura e festa. Em julho e agosto, todos os caminhos dos jovens católicos vão dar a Portugal.
Tony Neves, Espiritano, em Roma