Transformar a mobilidade humana em riqueza

Sendo os jovens a maior percentagem no mundo migratório, Bento XVI centra a sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2008 na juventude. “Com este documento, nota-se que a Igreja está preocupada com as primeiras etapas da vida humana” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Francisco Sales, Director da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM). E acrescenta: “são eles – com os seus problemas e expectativas – que vão à procura de melhores condições de vida no exterior”. O vasto processo de globalização em curso no mundo traz consigo uma exigência de mobilidade, que “estimula também numerosos jovens a emigrar e a viver longe das suas famílias e dos seus Países” – escreve Bento XVI na sua mensagem. Como consequência, muitas vezes quem sai dos Países de origem é a juventude dotada dos melhores recursos intelectuais, enquanto que nos Países que recebem os migrantes “estão em vigor normativas que tornam difícil a sua inserção efectiva” – realça o Papa. Perante este facto, o Pe. Francisco Sales frisou que em Portugal “há uma convivência pacífica”. A legislação portuguesa e toda a orientação que vem dos órgãos oficiais “está nessa direcção”. No entanto – avança o director da OCPM – na prática existem duas realidades distintas: “culturas que se fecham e outras que estão em harmonia com as comunidades residentes”. Para que haja uma harmonia total, o Pe. Francisco Sales pede um “despertar das consciências”. A mobilidade humana “não pode ser vista como problema mas como riqueza” – afirma. Os portugueses sabem acolher porque abriram-se ao mundo há muitos séculos. “Somos dos povos com mais capacidades de acolhimento”. Com mais de quatro milhões de emigrantes espalhados pelo mundo fora – sem contar os lusodescendentes -, os portugueses têm “valores humanistas” – salienta o director do OCPM. Como é muito sentida pelos jovens migrantes a problemática constituída pela chamada «dificuldade da dupla pertença»: por um lado, “eles sentem profundamente a necessidade de não perder a cultura de origem, mas, por outro, sobressai neles o desejo compreensível de se inserir organicamente na sociedade que os recebe, sem que isto, contudo, leve a uma completa assimilação e à consequente perda das tradições ancestrais” – escreve Bento XVI. Em relação a este ponto, o Pe. Francisco Sales explica que o maior problema destes jovens migrantes passa pelo facto de “chegarem a sociedades de acolhimento completamente diversas”. “Integram-se muito rapidamente e abandonam a sua cultura tradicional – podem surgir conflitos com a família -, ou vivem nos ambientes sem perder os valores de origem”. O Dia Mundial do Migrante e do Refugiado celebra-se a 13 de Janeiro. Em Portugal, a OCPM realizará, dias 18 a 20 de Janeiro, em Fátima, um encontro de animadores sócio-pastorais. Celebrará este dia a 20 de Janeiro, no Santuário de Fátima. Notícias relacionadas • Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2008

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top