Conclusões 1. Em Fevereiro de 2007, no 2.º Congresso Nacional da Pastoral da Saúde, ficou clara a necessidade de apoiar a vida humana, no seu início, através de Centros de Vida, e no seu termo, por meio de unidades de cuidados continuados e paliativos. Também se compreendeu que só uma relação estreita entre o Estado / Ministério da Saúde e a Sociedade Civil / Igreja Católica e Organizações não Governamentais pode responder às necessidades concretas dos cidadãos. 2. A 10 de Novembro último, o Papa Bento XVI exortava os Bispos a uma renovação constante da Igreja, indicando como grandes linhas de orientação: a participação de todos na vida comunitária, a dinâmica da comunhão fraterna, a necessidade de novos modelos de organização, e a mudança de mentalidade, segundo o espírito do Vaticano II. 3. Além disso os cidadãos na Sociedade Portuguesa e no que à Saúde diz respeito: – Sentem hoje a necessidade de maiores apoios no campo da natalidade, da educação da sexualidade, do acompanhamento da adolescência e de tantos outros aspectos relacionados com o início da vida. – Também desejam que os idosos doentes tal como os doentes em fase terminal tenham os apoios que lhes garantam maior qualidade de vida, em todas as etapas e até ao fim. – E sentem ainda que passa por uma relação responsável entre as estruturas de saúde do Estado e as diversas organizações da Igreja que estão no terreno a descoberta das respostas mais eficazes no acompanhamento das pessoas cujos problemas urge serem resolvidos. Tendo em atenção estes parâmetros, os participantes no XX Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, como conclusões na procura das Boas Práticas no Serviço à Pessoa, 1. Pedem à Igreja um envolvimento prático na saúde das pessoas através de: a) Centros de Vida, a criar em todas as Dioceses, com as valências indispensáveis para assegurar a defesa e a promoção da vida, desde o seu início. Estes centros devem ser de apoio incondicional à maternidade, em todas as situações, da educação dos adolescentes e jovens na sua vida afectivo sexual, de acompanhamento dos jovens casais nas decisões de uma paternidade responsável, de tratamento da infertilidade e de tantos outros problemas que reclamam ajudas específicas, no respeito pela liberdade de cada um. Estes centros deverão ter equipas pluridisciplinares, suficientemente preparadas para responder aos pedidos que venham a ser-lhes colocados, assegurando uma vida com mais qualidade. b) Unidades de cuidados continuados a conseguir pela conversão de lares e residências de idosos que, se apoiados nesse sentido, podem transformar-se completamente, evitando serem apenas lugares de internamento que asseguram o básico para passarem a ser autênticas comunidades de vida em que se assegura e respeita plenamente a dignidade dos seus utentes. Estas unidades poderão ter um quadro técnico e um quadro de voluntários que, formados especificamente e organizados de forma responsável, podem corresponder às expectativas de um acompanhamento de qualidade em situações de doença crónica, velhice e fim de vida. c) Estruturas de organização a assegurar por cada Comissão Diocesana da Pastoral da Saúde em trabalho conjunto com a Caritas Diocesana, as direcções da Pastoral Social e outros organismos de serviço à comunidade. O âmbito destas estruturas pode ter como referência a pastoral da cidade, ou a acção da vigararia com actividade inter-paroquial, considerando também o trabalho das IPSS já existentes. Isto corresponde ao desejo de Bento XVI no que se refere à participação de todos na vida da Igreja e aos novos modelos de organização. 2. Pedem ao Estado, sobretudo através dos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Solidariedade Social: a) A cooperação permanente, com a aprovação dos diversos projectos surgidos no âmbito da saúde, a partir da Igreja e a comparticipação do respectivo programa de cada projecto. b) A aceitação da criatividade e da real dimensão da obra social da Igreja Católica, com grande repercussão na área da saúde, sabendo que esta é uma dimensão da sua missão de que não pode abdicar em circunstância alguma. c) O desafio da proximidade na arte de cuidar como critério de definição e organização de toda a actividade no campo da saúde. Uma rede de cuidados de proximidade torna-se essencial. d) A consciência mais efectiva do seu dever de suportar a actividade social emergente da sociedade civil, na qual se destaca o papel da Igreja Católica, respeitando as leis vigentes e os acordos celebrados e abrindo-se a novas iniciativas. e) O diálogo social que integre todos os agentes que possam colaborar na promoção de uma cultura da vida e da solidariedade. f) O reconhecimento consequente da espiritualidade como elemento indispensável a uma consideração integral da condição humana na sua dignidade e liberdade. g) Um novo humanismo que assuma os valores éticos fundamentais da nossa história e recriem novas concretizações adequadas às exigências do séc. XXI, nas respostas a oferecer a todos os que se vêem atingidos por qualquer carência de vida. Um novo humanismo que seja a fonte das Boas Práticas no Serviço à Pessoa.