Vaticano: Papa aponta China como «país decisivo» da missão da Igreja na Ásia

Audiência pública semanal evocou São Francisco Xavier, «grande sonhador» e missionário do século XVI, ao serviço da Coroa Portuguesa

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 17 mai 2023 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que a China é o “pais decisivo” para a missão da Igreja na Ásia, numa reflexão em que São Francisco Xavier, “grande sonhador” e missionário do século XVI, ao serviço da Coroa Portuguesa.

“No Japão, o grande sonhador Francisco Xavier compreende que o país decisivo para a missão na Ásia era outro: a China”, referiu aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal.

Francisco assumiu a sua admiração pela “grande história, belíssima” da China, que “exercia efetivamente um predomínio sobre aquela parte do mundo” e, “ainda hoje” é “um polo cultural”.

As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé [Associação Patriótica Chinesa, APC] e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu depois da expulsão da China.

A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade direta do Papa.

Um Acordo Provisório sobre a nomeação de bispos, entre o Vaticano e Pequim, foi assumido a 22 de setembro de 2018 e entrou em vigor um mês depois, sendo renovado a cada dois anos.

O acordo, primeiro do género assinado entre as duas partes, visa regularizar o estatuto da Igreja Católica na China; Pequim exige que sacerdotes e bispos se registem oficialmente junto das autoridades civis.

O Papa recordou o percurso de São Francisco Xavier (1506-1552), destacando que os seus 46 anos de vida foram “gastos pela missão”, nas “fronteiras da existência”.

O missionário foi um dos primeiros membros da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loiola, e chegou a Portugal em 1540, acompanhado pelo português Simão Rodrigues.

Por iniciativa do rei D. João III, foi enviado para Goa, tendo percorrido várias regiões da Índia, as Molucas e o Japão, em 1549; faleceu em 1552, quando se preparava para entrar na China, na ilha de Sanchoão.

O Papa referiu que São Francisco Xavier é “justamente considerado o maior missionário dos tempos modernos”, capaz de ir ao encontro de “povos de culturas e línguas totalmente desconhecidas”.

“Em pouco mais de onze anos, realizará uma obra extraordinária” assinalou.

Naquela época, as viagens de navio eram muito árduas e perigosas. Muitos morriam durante a viagem, devido a naufrágios ou doenças. Infelizmente, hoje morrem porque os deixamos morrer no Mediterrâneo”

Francisco destacou que o religioso jesuítas mostrou, na sua vida que “a inquietação do missionário é ir além, além, além”, desafiando os jovens a seguir estes passos.

“Olhem para Francisco Xavier, olhem para o horizonte do mundo, olhem para os povos tão necessitados, olhem para tantas pessoas que sofrem, tantas pessoas que precisam de Jesus, e vão, tenham coragem. Ainda hoje existem jovens corajosos”, apelou.

No final da audiência, o Papa dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa, incluindo um grupo de Faro.

“Esta semana trouxe-vos até Roma, e leva-nos até à Festa da Ascensão de Jesus ao Céu. São metas de ordem e nível diversos, mas coexistem no coração do romeiro cristão: sabendo ele que não possui aqui cidade permanente, orienta os seus passos para o Céu. O Espírito Santo abençoe, com os seus dons, cada um de vós e quantos se encontram no vosso caminho”, declarou.

Francisco renovou o seu apelo à recitação do Rosário, no mês de maio, considerando-o “uma poderosa arma contra o mal e um meio eficaz para obter a paz”, antes de evocar a “martirizada Ucrânia”.

“Sofre-se tanto, ali, sofre-se tanto. Rezemos pelos feridos, pelas crianças, pelos que morreram, para que volte a paz”, concluiu.

OC

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Agência ECCLESIA

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