«Carbono contra a Pobreza»

Oikos lança campanha para alertar contra a alterações climáticas e a sua relação com a pobreza Todos os dias quando andamos no transito, em viagens aéreas, quando consumimos água ou electricidade, provocamos resíduos que provocam gases de efeito de estufa que vão aumentar a temperatura do planeta e contribuir para as alterações climáticas. Esta é uma realidade a que já não se pode fugir. Com o objectivo de chamar a atenção para este quadro, mas principalmente ter acções eficientes e compensatórias, a Oikos, em parceria com a Ecoprogresso – uma empresa de consultores em ambiente e desenvolvimento, lançou uma campanha denominada “Carbono contra a Pobreza”. As alterações climáticas estão cada vez mais a incidir sobre os fenómenos de pobreza. Os pobres, tantos os dos países ricos, como os dos países mais pobres, são os que mais sofrem com as alterações climáticas. “E em geral, são os menos responsáveis pelas emissões de carbono que provocam o aquecimento global”, explica à Agência ECCLESIA, João José Fernandes, da direcção da Oikos. Os países ricos são os mais poluidores e “são os que têm meios e conseguem enfrentar melhor as alterações climáticas”. Esta é a primeira mensagem da iniciativa, que quer ir mais longe. Esta parceria prevê também um apoio a estratégias para a mitigação às alterações climáticas, nomeadamente em municípios portugueses, capacitando-os para estabelecer planos de mitigação e adaptação das alterações climáticas a nível local e procurar envolvê-los numa estratégia de cooperação com os países mais pobres, nomeadamente através das geminações, introduzindo a dimensão da luta contra a pobreza e das alterações climáticas na cooperação descentralizada. A terceira dimensão deste projecto relaciona-se com a promoção de projectos de compensação voluntária das emissões de carbono. Portugal está obrigado a cumprir a meta nas emissões de carbono até 2012, no âmbito do protocolo de Quioto. Para isso impôs limites na emissão de carbono a algumas empresas. “Mas para além dessas empresas que vão ter de cumprir essa metas ou comprar direitos de emissão no mercado europeu, existem outros mecanismos a que podem recorrer”, afirma João Fernandes. O primeiro é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto. A maioria dos projectos, baseiam-se em eficiência energética, energia renovável, uso sustentável de solos, “têm sido desenvolvidos apenas em países com o o Brasil, a China e a Índia”. Uma vez que a Oikos está presente nos países pobres pode “identificar alguns projectos”, passíveis de serem identificados no âmbito do Desenvolvimento Limpo, para poderem receber fundos na compra de licença de emissão de carbono por parte de grandes empresas. No entanto, João Fernandes chama a atenção que também os cidadãos, as pequenas e médias empresas as organizações sociais, as famílias podem e devem, de forma voluntária, “não porque a lei obriga, mas por uma questão de responsabilidade e de ética”, compensar as emissões de carbono. O director da Oikos apela à máxima eficiência no uso da energia, mas sublinha que haverá sempre um limite mínimo a que não se ode fugir. “Nesse caso podemos compensar a emissão”, explica dando o exemplo da Oikos contabilizou as toneladas de carbono que produziu na sede e nas viagens nacionais que os colaboradores fazem. Contabilizando o total de 145 toneladas no ano de 2006, “o que vamos fazer é comprar o direitos de emissão e aplicar o dinheiro num projecto de bio massa, na Índia, que ganha também um impacto social, pois vai criar 650 postos de trabalho”. Não basta limitar as emissões e mitigar as alterações climáticas, “é necessário que os projectos tenham um impacto na redução da pobreza”, indica. O dia de lançamento da campanha, 9 de Novembro, não é inocente, pois ocorre no encerramento das Jornadas Europeias que decorreram em Lisboa, cujo tema versou sobre as alterações climáticas e o desenvolvimento. “Especificamente para marcar a presidência portuguesa e os cidadãos, mas também a União Europeia que o esforço para a mitigação das alterações climáticas tem que ser acompanhado por um esforço de redução da pobreza. Não basta estar consciente, temos de agir, e todos pode os agir”. João Fernandes aponta que não é preciso ser uma grande empresa, pois “qualquer pessoas o pode fazer”, pois representam deveres de cidadania que cada vez mais devem ter uma noção nacional, mas à escala global, pois “somos cidadãos do mundo e qualquer acção tem consequências às escala global e vai ter um impacto nacional e internacional”. Esta é uma iniciativa veio para ficar. Estão a decorrer as negociações para o enquadramento pós Quioto, posterior a 2012. É um trabalho de longo curso e vamos “continuamente chamar a atenção para esta questão e a tentar envolver cidadãos, empresas, autarquias para que todos juntos consigamos começar a mitigar as alterações e a lidar com o inevitável que é a mudança do clima e o impacto que ele tem na vida dos pobres”, finaliza. Mais informações em www.eudevdays.eu

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