Semana dos Seminários

Mensagem do Bispo de Beja Para que existem seminários, instituições que pelo mundo fora absorvem as melhores energias e recursos económicos e pessoais das dioceses? Estas estruturas de recrutamento, discernimento e formação do clero foram instituídas a partir do concílio de Trento, no século XVI. Até então essa função era desempenhada pelas comunidades cristãs, pelas famílias, pelas comunidades religiosas, pelas escolas ligadas às catedrais e universidades. Com o aparecimento da reforma protestante notou-se que a sociedade tinha mudado. Do ambiente de cristandade passou-se para uma sociedade pluralista, mesmo no âmbito da fé. Era preciso encontrar uma nova resposta para a preparação dos servidores oficiais da Igreja, os ministros ordenados. Hoje, a realidade social e eclesial continua a ser, mais que nos séculos anteriores, pluralista e até indiferente aos valores evangélicos. Por outro lado, a globalização veio mostrar-nos que há muitas partes do mundo onde a Igreja católica é uma realidade insignificante no meio de maiorias de outras Igrejas ou religiões. Continua actual o mandamento de Cristo aos apóstolos: ide por todo o mundo, ensinai o que de mim aprendestes, baptizai os que acreditarem e sabei que estou convosco até ao fim dos tempos (cf. Mt 28, 19-20). Conhecer Cristo e a sua mensagem e transmiti-la a todos os que ainda a desconhecem, obriga a um tempo de preparação prolongado dos novos mensageiros do evangelho. Na mensagem para o dia mundial das Missões de 2007, o Papa Bento XVI acentua a corresponsabilidade de todos os cristãos, comunidades e Igrejas pelo mundo inteiro. Quem se apaixonou por Jesus Cristo e ama a Igreja não pode pensar só nos membros do seu movimento, paróquia, diocese ou país, não pode cruzar os braços enquanto houver quem desconheça o Único em quem podemos ser salvos. Os apóstolos foram ter com os judeus que viviam na diáspora, dispersos pelo império romano e, a partir daí, evangelizaram os pagãos. Este caminho seguido pela primeira geração dos discípulos de Jesus é inspirador para a nossa missão no presente. Vivemos num tempo de grande mobilidade humana. A Igreja tem de acompanhar estes irmãos, ajudá-los a construir a Igreja lá onde se encontram. Por isso a Santa Sé insiste para que a formação dos candidatos ao sacerdócio tenha em conta as pessoas deslocadas do solo pátrio, os migrantes, sabendo que a itinerância é parte constitutiva do ser cristão e que na origem do povo bíblico está a figura de Abraão, convidado por Deus a deixar a sua terra (cf. Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis, n. 80). Preparar os futuros padres para a missão, sensíveis à situação real da humanidade, com um coração grande para amar a Jesus Cristo, presente de modo preferencial nos pobres, nos doentes, nos migrantes, nos presos, nos perseguidos, nos refugiados, nos marginalizados, como explicitam as obras de misericórdia, é tarefa imprescindível dos nossos seminários, que requer uma grande dedicação dos formadores e a oração de todo o Povo de Deus. D. António Vitalino, Bispo de Beja

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