Padres de Viana reflectiram sobre a família e o matrimónio

Nas vésperas das comemorações dos 30 anos da sua fundação, cerca de 80 sacerdotes da diocese de Viana do Castelo reuniram-se para reflectir sobre a família e o sacramento do matrimónio, numa abordagem teológica e jurídico-pastoral. Abordando um tema de plena actualidade e de grande relevância para a construção da actual sociedade, o director da Faculdade de Teologia de Braga assinalou que é cultural olhar para o matrimónio e reduzi-lo à «relação do par» que leva a uma «fixação de cada um em si». Ao traçar um esboço de uma teologia da família, João Duque frisou que nesta realidade se vive a plenitude do amor nas suas dimensões erótica e de oferecimento. Para este professor de Teologia, o trazer a família para a «ribalta» do magistério significa que a Igreja está a acentuar um dado inicial e fundamental do cristianismo que se traduz numa vivência de comunhão que deveria ser «no espírito de família». «Não é por acaso que, muitas vezes, se apresenta a Igreja como família de famílias». João Duque sublinhou que o matrimónio tem de ser entendido no seu significado mais profundo para se poder ultrapassar este momento onde tudo assenta na «paixão» que deixa de o ser mal «baixe a temperatura» e isso é já razão suficiente para a quebra do «contrato» feito. A Trindade, três pessoas singulares e Deus único, foi a analogia escolhida para falar da profundidade do matrimónio onde se realiza a relação entre diferentes que não se podem anular e onde as diferenças não deveriam levar ao conflito. A celebração do sacramento é tornar presente e actuante a acção salvífica de Deus, sendo a família a grande expressão desta encarnação no concreto. Neste contexto entende-se melhor que a família seja, por excelência, o espaço de «introdução à fé». Embora seja de opção pessoal a fé vive deste processo de transmissão que ele mesmo configura, de modo simbólico, a fonte de vida nova que o matrimónio é. António Miguel Falcão, um jurista da Igreja, fez uma abordagem aos desafios pastorais que a nova realidade apresenta. A divisão e a dificuldade de integrar o “amor” no matrimónio são os principais sinais da crise da instituição familiar. Salientando que «amar significa querer o bem do outro», este jurista canónico traçou um quadro histórico do actuar e da doutrina da Igreja sobre matrimónio que se caracteriza por uma continuidade da interpretação da legislação.

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