Zidane: novos rumos do documentário

Com a progressiva introdução de documentários de longa metragem na programação comercial, novos caminhos são abertos aos cineastas para exporem as suas ideias e o seu estilo, mesmo que este último seja muito peculiar. “Zidane, um Retrato do século XXI” é um exemplo de como o cinema pode ser diferente do habitual, aproximando-se até certo ponto das obras de arte e ensaio de outros tempos, mas segurando-se em dois apoios muito consideráveis: a popularidade do futebol como desporto e a fama maior ainda de Zinédine Zidane, um dos melhores futebolistas do início deste século. E foram as características peculiares deste último que tentaram Douglas Gordon e Philippe Parreno a lançar-se nesta realização, suportada financeiramente por produtores franceses e islandeses. O curioso no filme é o assumido desinteresse em procurar grandes sequências da partida que serve de fundo – Real Madrid contra Villareal, no Estádio Santiago Bernabeu – ou mesmo de jogadas muito especiais, que ao longo dos 90 minutos de jogo certamente não deixaram de existir. O filme centra-se, sobretudo, sobre as expressões de Zidane e sobre os seus pés, em ambos os casos com um grande número de grandes planos ou mesmo planos de pormenor. São expressões faciais muitas vezes reveladoras do cansaço ou da frustração ou, em muitas outras, da sensação de êxito e consequente alegria. Não se fica a conhecer o futebol; fica-se talvez a conhecer um pouco mais de um jogador muito acima da média. Uma distribuidora que iniciou recentemente a distribuição de filmes em sala, a Midas Filmes, teve a coragem de tentar a aproximação do público a este filme, certamente difícil mas que não deixará de ter muita gente interessada. Tendo em conta as suas características estreia com uma só cópia. Ficamos a aguardar, com curiosidade, a reacção que se verificará a esta obra diferente, mas sem dúvida, interessante. Francisco Perestrello

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