Eutanásia e paliativos em debate no Vaticano

A questão do final da vida humana merecerá um grande destaque na XXII conferência internacional do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, este ano dedicada ao tema “O cuidado pastoral das pessoas idosas”. A iniciativa, que se prolonga de 15 a 17 de Novembro, convoca especialistas de todo o mundo para abordar alguns dos temas mais delicados do ponto de vista médico e ético dos nossos dias. Entre os conferencistas estará a Prémio Nobel da Paz de 2004, Wangari Muta Maathai, e o presidente do Conselho Executivo da OMS, Fernando Antezana Aranibar. O primeiro dia dos trabalhos é dedicado ao conhecimento da “realidade”: doenças que mais atingem esta faixa da população, história dos cuidados de saúde aos idosos e origem das doenças. Um segundo bloco é consagrado ao ensinamento da Bíblia e da Tradição da Igreja em relação ao cuidado com os mais velhos. A terceira parte da Conferência aponta caminhos para o futuro no trabalho pastoral, no âmbito da biomedicina, no campo socio-político e familiar. Neste âmbito intervirá Mons. Vitor Feytor Pinto, coordenador nacional da Pastoral da Saúde no nosso país, em relação à temática das “Visitas aos doentes idosos”. Como é habitual nestas iniciativas, haverá espaço para um momento de diálogo inter-religioso, com testemunhos de judeus, muçulmanos, budistas e hindus. Ao longo dos trabalhos deverá ser possível assistir a uma discussão sobre questões como os cuidados paliativos ou a eutanásia. O Dia Mundial do Doente foi dedicado, este ano, ao drama dos que se encontram a morrer por causa de doenças terminais. Na sua mensagem para esta ocasião, o Papa fez questão de ressaltar a necessidade de mais centros de cura paliativa, que ofereçam cuidados integrais, proporcionando assim aos doentes “a assistência humana e o acompanhamento espiritual de que precisam”. “Trata-se de um direito que pertence a cada ser humano, e todos nós temos o dever de nos comprometermos em defendê-lo”, escreveu Bento XVI. Em Agosto deste ano, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma série de respostas a perguntas da Conferência Episcopal dos Estados Unidos sobre a alimentação e hidratação artificiais. O texto reafirmava um critério ético geral, segundo o qual a administração de água e alimento, mesmo se feitas por vias artificiais, representa um meio natural de conservação da vida e não um tratamento terapêutico. O seu uso deve portanto considerar-se ordinário e proporcionado, mesmo quando o “estado vegetativo” se prolongar.

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