População envelhecida a quem não chega informação, ausência de estrutura familiar para suporte, novas formas de pobreza que abrangem transversalmente o país, mas que Portalegre – Castelo Branco acusa em muitos concelhos, integração dos imigrantes, desemprego que cresce nacionalmente, mas que na zona, aumenta com o fecho que várias entidades empregadoras e com o não surgimento de novas, lançando também os locais para a emigração. Estes são apenas alguns exemplos que a Pastoral Social atende, escondendo ainda múltiplos desafios. A Diocese de Portalegre – Castelo Branco acrescenta ainda uma realidade não só grande geograficamente – abrange Alentejo, Ribatejo e Beira Baixa – mas também complexa a nível social. Elicídio Bilé, Presidente da Caritas Diocesana e responsável pelo III Encontro Diocesano da Cáritas acredita que através das paróquias se consegue fazer caminho para um trabalho em rede. A proposta é através de grupos de proximidade – caritas paroquial ou grupos sócio caritativos – fornecer respostas organizadas, que actualmente apenas o voluntariado de vizinhança ou proximidade dão. “Mas com o cuidado de não criar uma organização de tal forma pesada que não esvazie a acção é preciso ser feita”, adverte à Agência ECCLESIA. O trabalho é rede é quase um «chavão». A Cáritas Diocesana de Portalegre – Castelo Branco pretende operacionalizá-la, para que entre os vários grupos se fossem “explicando as boas práticas desenvolvidas, se veiculásse informação entre todos, para melhor servir os que precisam”. O primeiro passo a criar é “a criação de grupos organizados e nível local”, sendo esta “uma grande dificuldade”, apesar de algumas paróquias terem “já assumido este trabalho”. Optimizar os meios de comunicação é também um passo a estabelecer para incluir todos no processo – o sítio da Cáritas na internet “é uma óptima ferramenta para tal”, o que não exclui a iniciativa das localidades de criar ferramentas e “participar no «Centro de Recursos» que disponibiliza informação”, aponta o Presidente diocesano da organização, pois acrescenta “não se pode apenas encaminhar as pessoas, temos de lhes dar ferramentas de futuro”. Sem esconder que as respostas sociais estão em demasia do lado do Estado – Elicídio Bilé aponta o exemplo dos Centros Locais de Acção Social – CLAS – que “estão entregues ao poder autárquico e os executivos orientam esse trabalho, esvaziando as instituições que no terreno desenvolvem essa actividade” – assume também, que o contacto directo representa a chave para ultrapassar várias entraves, não só com a autarquia, mas também com a Segurança Social e outras instituições. E dá exemplos: a participação da Cáritas nos gabinetes de protecção civil, “somos também parceiros em casos de emergência” ou a tentativa de implementar um representante da Cáritas nas paróquias que são sede de concelho para “integrarem os gabinetes locais de protecção civil”. O Presidente da Cáritas Diocesana recorda os incêndios que atingiram a região e as “parcerias privilegiadas com as autarquias para a recuperação de habitações, elaboração de projectos e tantas outras actividades decorrentes, dando bons resultados”. O importante é estabelecer parcerias que o sejam de facto, “sem relações hierárquicas e isto depende muito de quem está nas instituições e nas autarquias, mas é possível ultrapassar com o diálogo”, aponta, reconhecendo também que falta “alguma organização”. A Igreja na área social precisa de “maior atenção organizativa”, pois estando organizados “tornamo-nos visíveis”. É esta a mensagem que a organização caritativa quer passar para as paróquias. Em cerca 180 paróquias, com pouco mais de 60 párocos, contam com 18 grupos caritas, Elicídio Bilé reconhece alguma iniciativa “mas ainda é pequena. Mas pelos resultados que se têm, chegaremos às outras”, acredita.