Religiosos preocupados com tráfico de seres humanos

Um problema complexo, de difícil abordagem, um problema que não é encarado de frente. Uma realidade a que se “vai conseguindo dar resposta quando trabalhamos juntos”, explica à Agência ECCLESIA a Irmã Júlia Bacelar, da Congregação das Irmãs Adoradoras, que desenvolve, o seu trabalho junto de vítimas de tráfico humano. Foi precisamente sobre esta problemática que no dia 18 a CIRP Confederação dos Institutos Religiosos Portugueses, organizou uma mesa redonda. Esse dia, em toda a Europa se assinalou o Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos Este é um problema que ganha espaço na agenda dos políticos. Em Portugal “tem-se avançado, nomeadamente através do enquadramento legal, mas ao nível da Igreja, não é uma questão «em cima da mesa»”. Certo é que “há muitos problemas para dar resposta, e quando um é mais oculto, é alvo de menos atenções”. Sobre esta realidade, Rui Marques, Alto Comissário para a Imigração e Diálogo Intercultural lançou o desafio de abordar mais este problema. Querer desenvolver um trabalho com presos ou toxicodependentes, “todos sabem onde estão, mas as vítimas de tráfico humano, são mais difíceis de encontrar”, aponta a Ir. Júlia Bacelar. Um crime que a consagrada apelida de “mais sofisticado”, porque abandonou as práticas de repressão física para encetar por caminhos de “repressão psicológica, onde inclusivamente já se encontram mulheres angariadoras”. Sendo muito difícil “chegar às vítimas e não podendo deixar tudo nas mãos da polícia, temos de encontrar forma de as encontrar”, explica, pois a situação é cada vez “mais complicada”. A CIRP tem “consciência que falta formação para lidar com as vítimas e com toda a realidade deste problema”. O preconceito persiste na sociedade porque “o mito de que são apenas prostitutas, que querem dinheiro, continua muito presente”, explica, um preconceito presente na sociedade civil, entre igreja, religiosos e demais cidadãos. Dando resposta a este apelo, a CIRP vai investir na formação, realizando um curso para os responsáveis dos religiosos. “Somos muitos e tomando consciência em conjunto, damos as mãos”. Um contributo que os religiosos querem dar “a somar ao papel positivo que o governo tem dado neste campo”, sublinha. Mas “há um grande trabalho ainda a fazer, também de mudança de mentalidades”, adverte a religiosa.

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