Bispo diocesano presidiu à celebração do Domingo de Ramos, na Cova da Iria
Fátima, 02 abr 2023 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima presidiu hoje no Santuário da Cova da Iria à Missa do Domingo de Ramos, recordando as “vítimas de abusos e de violência doméstica e social”.
“Não cedamos à tentação de colocar cortinas brancas e floridas a tapar as feridas abertas da guerra, da miséria, dos que não têm abrigo, pão e emprego, das crianças famintas, bombardeadas e mortas nas guerras, das que são vítimas de abusos e de violência doméstica e social, das nossas resistências a dar vida a uma Igreja mais materna, carinhosa e aberta às dores e fragilidades de quem precisa”, apelou D. José Ornelas, na homilia da celebração.
A intervenção foi divulgada online, pela página do Santuário de Fátima, onde milhares de pessoas assinalaram o início da Semana Santa, com a presença de grupos oriundos de Portugal, Brasil e Itália.
O bispo de Leiria-Fátima disse aos participantes na celebração que a narração da Paixão não é “o relato de um herói vencedor, mas de um homem injustamente condenado, abandonado pelos amigos”.
Jesus, acrescentou, “não volta a cara perante o sofrimento, a miséria, o abandono e todos os dramas da humanidade”.
Iludidos por aplicações informáticas e mediáticas que prometem resolver problemas e fazer tudo e num momento, e por promessas populistas e ilusórias de sucesso e felicidade sem custo nem dor, esquecemo-nos, com frequência que o sofrimento e o esforço fazem parte do nascer e desenvolver-se da felicidade, da liberdade e da vida, que a luta persistente é parte da vitória”.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa aludiu à necessidade de reconhecer “os erros e os males de cada um e da Igreja”, como no caso dos abusos de menores.
“Não é um processo indolor, mas é necessário para abrir caminhos de misericórdia, de justiça e de perdão regeneradores”, alertou D. José Ornelas.
O responsável católico pediu o compromisso de todas as comunidades para abrir “um caminho novo de transformação deste mundo”.
“Há sofrimentos malditos, da parte dos que os causam e infligem, na exploração, no abuso, na injustiça, na violência e na guerra, que levam à destruição e à morte, mas até esses podem ser redentores se levam a uma proximidade com as vítimas dessas situações e iniciam caminhos novos de libertação, de justiça e de paz”, advertiu.
A Igreja Católica inicia, com a celebração dos Ramos, o itinerário da Semana Santa, momentos centrais do ano litúrgico que, nas igrejas e nas ruas, recordam os momentos da Paixão de Jesus – a sua prisão, julgamento, condenação à morte e crucifixão.
OC