Francisco multiplicou gestos de proximidade, em quatro dias de internamento, nos quais partilhou pizza, visitou crianças internadas e batizou um bebé
Cidade do Vaticano, 01 abr 2023 (Ecclesia) – O Papa regressou hoje ao Vaticano, após ter sido internado na quarta-feira com uma infeção respiratória, no Hospital Gemelli, de Roma, deixando atrás de si vários gestos de proximidade e atenção às pessoas com quem se encontrou.
Ao sair da instituição de saúde, esta manhã, Francisco deixou o carro para falar com os jornalistas e, já após ter assinado o gesso de um menino, com o braço partido, acabaria por abraçar, conversar e rezar com um casal que tinha perdido a sua filha, poucas horas antes.
Visivelmente emocionada, a mãe da menina repetiu “obrigado, obrigado”, entre lágrimas, antes de ser abraçada pelo Papa; já o marido referiu que Francisco tinha conhecido a filha do casal, em 2019, quando celebrou a solenidade do Corpo de Deus no bairro romano de Casal Bertone.
“Rezemos pela Angélica”, disse o Papa ao casal, segundo relata o portal de notícias do Vaticano.
Francisco deslocou-se depois à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, onde rezou, diante da imagem da Virgem Maria, pelas “crianças com quem se encontrou no serviço de oncologia pediátrica e neurocirurgia infantil” do Hospital Gemelli, que visitou na tarde de sexta-feira, num momento em que as condições de saúde do pontífice tinham registado melhorias significativas, segundo a equipa médica.
O Papa distribuiu presentes às crianças e presidiu ao Batismo de um bebé, Miguel Angel, acompanhado pela mãe da criança, num momento registado pelas câmaras dos serviços de comunicação do Vaticano.
Já na noite de quinta-feira, segundo a sala de imprensa da Santa Sé, Francisco tinha oferecido pizza ao pessoal médico e à equipa de segurança que o acompanhava, jantando com eles.
Aos jornalistas que esperavam a sua saída do Hospital, na manhã de hoje, o Papa quis “agradecer” pelo seu trabalho dos últimos dias,
“Sei que alguns de vocês passaram aqui a noite. É demais, não? Mas obrigado por informarem as pessoas”, disse, falando de pé, com o apoio da uma bengala.
Francisco, de 86 anos, disse sentir-se “bem” e brincou com a situação: “Ainda estou vivo”.
Na conversa informal, o Papa disse não ter sentido “medo” e recordou a conversa com outro homem, mais velho do que ele, que relatou “ter visto chegar a morte”.
Sobre a sua experiência no Hospital Universitário, o pontífice falou em “muita ternura”, com elogios aos profissionais de saúde.
“Ser enfermeiro, ser médico, fazer parte do pessoa, há muita ternura com os doentes. Sabem, os doentes têm manias, todos. É uma coisa que vem com a doença e é preciso paciência. admiro quem trabalha aqui: médicos, enfermeiros, vi com quanta ternura cuidam das crianças”.
Francisco confirmou que neste domingo vai estar na Praça de São Pedro, para a celebração dos Ramos e a recitação do ângelus, marcando o início da Semana Santa, o ciclo de celebrações centrais do calendário litúrgico na Igreja Católica.
A chegada à Casa de Santa Marta, onde o Papa reside, foi acompanhada também por vários jornalistas, a quem desejou “Boa Páscoa”, após ter oferecidos ovos de chocolate aos agentes de segurança que estavam no local.
Na tarde de quarta-feira, o Vaticano informou que o Papa se vinha queixando de “dificuldades respiratórias”, situação que o levou fazer exames médicos e a ficar internado.
Dois dias depois, o Hospital Gemelli precisou que, “no âmbito dos exames clínicos programados ao Santo Padre, foi detetada uma bronquite de base infeciosa, que exigiu a administração intravenosa de terapia antibiótica, a qual produziu os efeitos esperados, com uma nítida melhoria do estado de saúde”.
Esta foi a segunda passagem de Francisco pelo 10.º andar do Hospital Universitário Agostino Gemelli, onde já esteve internado de 4 a 14 de julho de 2021, após uma intervenção cirúrgica ao cólon.
OC
Vaticano: Papa deixou hospital, após quatro dias de internamento