«Vai ser um 31»: “Construam-me, porra!!”

Carlos Borges, Agência ECCLESIA

Foto: Agência ECCLESIA/CB

‘Spoiler alert’, artigo com algumas frases feitas, lugares comuns, e lamentação, caso tenha algo mais importante para fazer, neste último dia de março, não perca tempo com um título que pode ter despertado curiosidade.

“Construam-me, porra!!”, pode ser tanto, e certamente nas nossas casas, ruas, freguesias, vilas e cidades, paróquias, há alguma coisa que pode estar a fazer este pedido. Também pode ser alguém, um grito mais ou menos audível, visível, uma pessoa que pede ajuda no seu crescimento, no seu desenvolvimento e construção, e até, a sair de alguma situação aflitiva, de algum problema.

“Construam-me, porra!!”, o título e fotografia levam-nos para a margem sul do Tejo, mais concretamente para a Baixa da Banheira, e para a construção do novo Centro de Saúde que, finalmente, começou, depois de anos e anos, e mais uns quantos anos de tentativas, mas parou há largos meses. Mas, não é essa construção essencial que este artigo lamenta não estar feita.

“Construam-me, porra!!”, é o lamento de quem não vê a igreja e o centro paroquial do Vale da Amoreira, na Paróquia da Baixa da Banheira, ser construída. A atual capela provisória, de madeira, construída há muitos anos, é a segunda estrutura deste género, desde que aqui ando com três anos e meio. Esta já tem casa de banho, água, e eletricidade própria.

A primeira pedra da igreja e centro paroquial foi benzida a 17 de junho de 1995, há quase 30 anos. O sonho da igreja é anterior, muito mais antigo. “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo”, se tivéssemos andado a apanhar as pedras, a esta altura, já podíamos ter a igreja construída.

Durante anos, foram realizadas várias iniciativas/eventos de angariação de fundos: celebrações, magustos, piqueniques, leilões, venda de merchandising, quotas. Muitas e muitas pessoas alimentadas por este sonho, e muitas nunca o viram concretizado.

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, outra frase que vemos associada a muitas novas construções, ou na sua inauguração em bonitas placas. No Vale da Amoreira não sei o que está a falhar… A última sessão pública sobre a igreja, que finalmente ia avançar, foi em 2016 ou 2017. O entusiasmo, o acreditar, foi tanto que, no final da reunião, já alguém falava em placas de homenagem/agradecimento…

Desde essa altura não se ouviu mais falar publicamente sobre esta desejada obra, até este mês de março. Em menos de um ano a pequena capela foi assaltada duas vezes. Desta vez levaram o som. Em 2022, por altura das Festas Multiculturais em honra de São João Batista, no Vale da Amoreira, os amigos do alheio levaram muito mais e até “mexeram” no sacrário.

“Construam-me, porra!!”, é o que nunca se teve coragem de escrever nas paredes da capela que agora “anunciam” uma empresa de segurança, mas que se ouve em surdina. Os assaltos e a construção da igreja são quase temas tabus numa comunidade que não quer ser paróquia mas ver o sonho, para o qual já se dedicou muito, realizado. Desconfio que isto «vai ser um 31».

 

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Agência ECCLESIA

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