Centenas em Balasar celebraram 13 de Outubro

D. Jorge lançou apelo em Balasar «Um doente que sofre com Cristo não é uma inutilidade; é um benfeitor da Igreja e da Humanidade», defendeu ontem, em Balasar, o padre Dário Pedroso, na missa que presidiu para os doentes que acorreram à igreja onde está sepultada a beata Alexandrina para celebrarem o 13 de Outubro. O sacerdote jesuíta tentou, ao longo de toda a celebração, explicar o sentido do sofrimento humano, exortando as dezenas de doentes e todos os fiéis presentes a seguirem o exemplo de Alexandrina Maria da Costa e consagrarem as dores e as suas vidas a Cristo «para ajudar a salvar o Mundo, para que tenha vida e a tenha em abundância». Numa missa em que a primeira leitura foi feita por um invisual e a oração dos fiéis por uma deficiente motora, o padre Dário Pedroso salientou que quem é atingido pelo sofrimento, de qualquer natureza, não o deve encarar perguntando “porquê” mas antes questionando “para quê”. O sacerdote jesuíta sustentou que os sofredores devem encarar a sua condição, uma vez que «o “porquê” gera revolta, entristece e acaba por deixar isolado quem sofre», explicou. «Só uma graça muito grande de Deus nos poderá fazer perceber, não só com a cabeça mas também com o coração, a alegria do sofrimento e o seu sentido», frisou o presidente da eucaristia. Ontem, dia em que se assinalou o centenário da dedicação da igreja paroquial de Balasar, foi lançado, no salão da paróquia, o livro “Até aos confins do mundo”, da autoria de José Ferreira, uma obra editada em versão portuguesa e inglesa, com o patrocínio da Câmara da Póvoa de Varzim, que dá a perspectiva do alcance nacional e internacional da vida e devoção da beata Alexandrina. Hoje, às 16h00, D. Jorge Ortiga preside à missa solene, finda a qual ocorrerá a transladação dos restos mortais do padre jesuíta Mariano Pinho (director espiritual da beata Alexandrina) para a capela/jazigo da beata Alexandrina. Balasar acolhe instituto religioso Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. Assim se chama o instituto religioso das cinco consagradas que estão a trabalhar na paróquia de Balasar desde a passada quarta- -feira. Jovens e de sorriso fácil para todos os que as abordam, as religiosas são oriundas do Brasil, país onde nasceu, há 11 anos, o seu instituto. Ao Diário do Minho, o fundador, padre Roberto José Lettieri, disse que as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento nasceram em Campinas, Estado de S. Paulo, tendo por carisma «manifestar ao mundo a adoração suprema ao Santíssimo Sacramento, de forma perpétua e em reparação pelos sacerdotes». No dia a dia, para além da adoração eucarística, as religiosas trabalham com os mais pobres e, no Brasil, com os sem-abrigo. Balasar representa, segundo o padre Roberto José Lettieri, a internacionalização do instituto, já que «esta é a primeira casa que se abre na Europa e fora do Brasil». Questionado sobre a escolha de Balasar, o fundador do instituto disse que isso se prende ao facto da beata Alexandrina, a par de Santa Catarina de Sena, ser patrona das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. «Queremos realizar o desejo da beata em que se fizesse adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento », acrescentou o sacerdote. O Instituto é composto, neste momento, por 242 irmãos e 200 consagradas. A Balasar chegaram cinco consagradas mas, até Janeiro, deverão chegar outras cinco. Em Portugal, o rosto do instituto é a irmã Agnis Angélica da Cruz, a guardiã da comunidade de Balasar, que confessou: «tudo é bem mais do que esperávamos encontrar». O pároco, padre José Granja, disse que a vinda das religiosas é «uma mais-valia para Balasar » referindo que «a radicalidade da sua pobreza interpela as pessoas» e que poderão constituir «um choque positivo numa Europa materialista e marcada pelo hedonismo». Crianças devem ser ensinadas a amar a Deus pelos seus pais O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, apelou ontem em Balasar, Póvoa de Varzim, a que as famílias não descurem a educação cristã das crianças, responsabilizando os pais na obrigação que têm de ensinar os seus filhos a amar a Deus, desde tenra idade. No dia em que os restos mortais do padre jesuíta Mariano Pinho – director espiritual da beata Alexandrina Maria da Costa – foram transladados para a capela/jazigo onde repousou durante vários anos as ossadas da beata, o Arcebispo Primaz exortou as centenas de pessoas que participaram na eucaristia a procurarem também um guia espiritual para as suas vidas. Recordando que o padre Mariano Pinho foi também o fundador da Cruzada Eucarística, um movimento dedicado às crianças, o prelado sublinhou o facto dos pais serem os «primeiros educadores» dos filhos a todos os níveis, inclusive o espiritual. «As famílias cristãs devem interrogar-se e tomar consciência de como passam as crianças o dia de domingo», frisou o Arcebispo Primaz. «Será que vão à missa e indo vêem os seus pais comungarem, sendo assim estimulados a seguir o seu exemplo? », interpelou. O presidente da celebração, que contou com dezenas de sacerdotes em concelebração, salientou a «importância e necessidade» de se educar as crianças «a quererem e respeitarem a eucaristia», indicando que «esta é uma “cruzada eucarística” que a todos cabe empreender». D. Jorge Ortiga garantiu que a Igreja «não instrumentaliza a Palavra de Deus», contudo, tem a obrigação de ajudar os fiéis a «aplicá-la nas suas vidas». Cristãos devem procurar direcção espiritual Invocando o tema pastoral da diocese sobre a pastoral familiar, o prelado salientou a «responsabilidade de cada um encontrar compromissos concretos para fazer da família um ideário de Cristo». Na homilia da missa solene de recepção dos restos mortais o padre Mariano Pinho, o Arcebispo de Braga indicou que cada cristão deve seguir o exemplo da beata Alexandrina ao procurar direcção espiritual. «O ideal da família cristã é exigente e, por isso, é preciso encontrar quem a ajude», frisou D. Jorge Ortiga, acrescentando que «Alexandrina sabia que sozinha não conseguia encontrar o caminho a seguir e que encontrou no padre Mariano o seu guia num caminho que se revelou certo e seguro para a salvação». Os cristãos e também as famílias de hoje necessitam, segundo o prelado, de confrontar- se com alguém que os possa aconselhar. «Por vezes somos tentados a atender só ao que os nossos amigos, vizinhos ou a comunicação social nos dizem e esquecemo-nos de ouvir alguém que nos possa dar alicerces irmes na fé», disse o Arcebispo Primaz. Face à procura que os cristãos devem empreender, D. Jorge Ortiga lançou um apelo aos sacerdotes para que «mostrem disponibilidade para dar orientação espiritual, não apenas na confissão mas em outro momentos de diálogo pessoal com os fiéis».

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