Educação: teoria promissora e falhas na prática

Durante dois dias (10 e 11 de Outubro), reuniu-se, em Lisboa, a Assembleia Geral do Comité Europeu do Ensino Católico que congrega os 15 países da União Europeia e os 10 candidatos à adesão. Uma vastidão de temas tratados que teve como intervenção de fundo a “Convenção Europeia” proferida pela eurodeputada portuguesa, Teresa Almeida Garret, que alertou os presentes para as negociações “de consenso que satisfaçam todos os países”. Para além desta temática, Teresa Almeida Garret debruçou-se também sobre “a problemática do ensino livre na Convenção Europeia”. Uma questão que na “teoria é promissora” – disse à Agência ECCLESIA Albertino Silva, responsável pelo Departamento da Escola Católica do Secretariado nacional da Educação Cristã. Para este responsável, as grandes problemáticas do Ensino católico na Europa residem também na “formação dos professores e directores das Escolas Católicas”, e o “Diálogo com os Muçulmanos”, visto que alguns países, especialmente a França, tem, “maioritariamente, alunos de origem muçulmana”. E adianta: “os problemas com que se debatem os países ao nível da liberdade de ensino são comuns”. Apesar de teoricamente existirem “bons princípios sobre a Liberdade de Ensino na prática não são aplicado” – referiu Albertino Silva. A razão desta discrepância está “nas políticas governamentais”. A origem destes problemas – afirma Albertino Silva – estão relacionados com “a possibilidade de escolha, em igualdade de circunstâncias, a escola onde querem matricular os seus filhos”. Em Portugal – verifica este responsável do Departamento da Escola Católica – “não se pode fazer esta escolha” porque “se um pai escolher um colégio privado paga duplamente: os impostos que suportam o sistema educativo público e a mensalidade dos filhos”. Por sua vez, Etienne Verhack, Secretário Geral do Comité Europeu da Escola Católica, referiu que “uma escola católica é uma escola como todas as outras, ou seja, nós tentamos educar a pessoa do jovem para a liberdade, para se desenvolver intelectualmente mas também nas dimensões afectiva, espiritual e religiosa”. A ausência de Associações de Pais fortes que exijam do “poder político o comprimento das suas obrigações” em relação ao que está legislado é outro dos factores que prejudica este caminho. No caso português, não “existem associações de pais fortes”. E avança: “notamos uma ausência do empenhamento dos pais no contributo para a definição das políticas educativas” – sublinha Albertino Silva. Nesta assembleia realizou-se também as eleições do Secretariado Permanente do Comité que terá como presidente o representante francês e, pela primeira vez, passa a haver um representante da Europa de Leste. A próxima assembleia será em Bruxelas (Bélgica), em Março de 2004.

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