Bispos venezuelanos criticam reforma de Chávez

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) considerou ontem que a proposta de reforma constitucional defendida pelo presidente Hugo Chávez “é um retrocesso” para o país e instou os venezuelanos a “não hipotecarem” as suas liberdades e direitos sociais. “Não podemos hipotecar a nossa liberdade (…), nem todos os direitos sociais a que temos direito”, disse o presidente da Comissão de Meios e Cultura da CEV, D. Baltazar Porras. O prelado, actual vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e antigo presidente da CEV, indicou que a proposta de reforma constitucional “é um retrocesso”. “O que está aqui em jogo não é o bem-estar da sociedade, nem a consolidação de um bem público, é a consolidação dos que estão no poder”, acrescentou. O presidente Hugo Chávez entregou a 15 de Agosto ao parlamento venezuelano uma proposta para reformar 33 dos 350 artigos da constituição, que prevê, entre outras mudanças, prolongar a duração do mandato presidencial de seis para sete anos, com reeleição imediata. A proposta introduz novos conceitos como “democracia socialista” e “economia humanista” e contempla cinco formas de propriedade: pública, social, colectiva, mista e privada. Segundo D. Baltazar Porras, a reforma procura ainda “silenciar, apartar, negar a existência de uma parte da sociedade venezuelana (que se opõe ao socialismo do século XXI), que tem direito a opor-se, a opinar como cidadãos com direitos iguais aos outros”. A Conferência Episcopal da Venezuela decidiu criar uma comissão para preparar uma mensagem dirigida a todos os católicos e cidadãos em geral, relativamente à proposta de reforma constitucional promovida por Hugo Chávez. A hierarquia católica e o presidente da Venezuela têm somado vários desentendimentos ao longo das últimas semanas. Os Bispos defendem que “a Constituição é para todos os cidadãos, pelo que deve ser fruto de consenso”. A reforma constitucional será estudada nas próximas semanas e o documento que daí surgir será dado a conhecer na terceira semana de Outubro, durante uma Assembleia Extraordinária do Episcopado católico. Redacção/Lusa

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top