O Arcebispo Pius Alick Ncube, uma das vozes mais críticas relativamente ao regime de Robert Mugabe, apresentou a renúncia ao governo pastoral da Arquidiocese de Bulawayo (Zimbabwe). Segundo um breve comunicado da Santa Sé, publicado esta manhã, o Papa aceitou a renúncia, apresentada com base no Cânone 401 § 2 do Código de Direito Canónico, ou seja, por motivos de “saúde precária ou outra causa grave”. D. Pius Ncube, de 60 anos, é um conhecido defensor dos direitos humanos e tem vindo a denunciar o presidente Mugabe por aumentar o controlo do Estado, mesmo nas actividades da Igreja. Apesar das ameaças, este responsável considera que é parte da sua vocação levantar a voz em nome dos necessitados e dos indefesos, e assegura que não teme pela sua pessoa. No passado mês de Junho, este responsável disse estar pronto para “sair à rua” e pediu aos seus compatriotas que participassem em grandes manifestações para se acabar com a governação de Robert Mugabe, presidente há duas décadas. Em comunicado, o Arcebispo Ncube esclareceu a sua decisão de hoje, ligada às recentes acusações de adultério que lhe foram dirigidas, assinalando que se trata “de um ataque mal-intencionado conduzido pelo Estado”. “Tenho de enfrentar a justiça pessoalmente, como Pius Ncube, e não quero que pareça que a Igreja Católica vai a julgamento”, explicou.