Capital da unidade

Sibiu é uma pequena cidade da Roménia. A 300 quilómetros e 5 horas de carro de Bucareste, é um verdadeiro encanto na sua Praça Central, na imponente Catedral Católica, nas Igrejas Ortodoxas de um esplendor encantatório. É a Capital Europeia da Cultura 2007. Uma enorme tenda se ergueu para receber 2500 ilustres convidados: delegados de diferentes Igrejas Cristãs. Foi a III Conferência Ecuménica Europeia. Perdido na multidão, um grupo de portugueses de diferentes confissões religiosas. A Pátria e a língua comum geraram um diálogo e afecto para além de todas as diferenças religiosas. E no encontro fraterno surgem perguntas, umas expressas, outras dos silêncios: porquê, afinal, cristãos do mesmo Cristo se foram dividindo no tempo e criando, em cada grupo, tradições que tornavam quase irreversível a divisão. Com o desejo de unidade, a oração pela unidade, o respeito pela diferença, a riqueza espiritual de todos, a vontade “de que todos sejam um” e, todavia o escândalo da divisão. A palavra Ecumenismo tem aqui um sabor de unidade pedida por Cristo em respeito pelas diferentes expressões e identidades. De tal modo que ninguém tem o direito de se armar em dono da verdade. A verdade existe mas não é objecto de arremesso ou rejeição de quem quer que seja. Exige uma aproximação humilde, urgindo como diante da Sarça Ardente que quem dela se aproxime descalce as sandálias. Não passará tudo isto de um velho sonho, ou utopia, ou duma oração de Janeiro, passageira como o afecto solto e inconsistente? O caminho é longo, a viagem de regresso mais penosa que a da partida para redutos estreitos. Mas há passos dados e foi interessante ouvir no grupo português que desde a primeira sessão houve muitos gestos, iniciativas, aproximações e luzes entre jovens e adultos que se habituaram a conviver, rezar, sonhar juntos, apegados ao Evangelho sem perder de vista o Senhor da unidade. Sibiu multiplicou estes testemunhos por mil, num profundo respeito pelas diferenças e numa alegria imensa pelos passos já dados em nome do mesmo Senhor: Jesus. E agora, perguntam: Como se conta tudo isto ao mundo inteiro? Como partilhar esta experiência que empurra para a transformação dos corações? Ecumenismo é mais que uma doutrina rígida ou uma tolerância oca. É um olhar de fé sobre o que nos une e separa. Sabendo que somos pedras ínfimas de um monumento a construir todos os dias. António Rego

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Agência ECCLESIA

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