Milhares saudaram a Senhora na procissão ao mar

Romaria de Viana chegou ao fim «A festa é um apelo e grito de esperança por um mundo melhor» disse, ontem, D. José Pedreira, durante a celebração eucarística da Senhora da Agonia, no dia em que a imagem da Virgem dolorosa visitou o espaço de vida e ganha-pão dos seus mais dilectos e devotos filhos que são os pescadores. O andor da Senhora, no dia que a cidade lhe dedica, transportado aos ombros dos pescadores, embarcou num barco da faina percorrendo a boca da barra e subindo o rio Lima até à ponte Eiffel, perante milhares de pessoas que se apinhavam nos molhes, batiam palmas e acenavam lenços brancos. No regresso à sua capela, percorreu as principais ruas da ribeira vianense, primorosamente atapetadas com flores e sal, sendo lançados de muitas varandas papelinhos multicores. Neste contexto festivo que Viana viveu nos últimos dias, D. José Pedreira não deixou de lançar um olhar sobre «vergonhosos contrastes» da sociedade de hoje, como são guerras insensatas, vidas ceifadas pelo terrorismo, cidadãos pacíficos sequestrados, filhos levados por mãos «traiçoeiras», etc. São sinais persistentes da humanidade sofredora que se associa ao sofrimento de Cristo que na Cruz entregou a vida para a todos resgatar e inaugurar um Reino novo. Neste tempo, os cristãos são convidados a «mostrar a autenticidade do seu nome» anunciando a paz que vem da fé, «através dos actos e atitudes da vida» exortou o Bispo Diocesano. D. José Pedreira referiu-se, ainda às festas religiosas e ao esforço necessário de «fidelidade à fé e à tradição» e, ao mesmo tempo, «renovação cristã». Bênção dos barcos e do mar Numa cerimónia carregada de simbolismo, na doca, o Bispo de Viana procede à bênção do mar e das embarcações em dia de acção de graças dos pescadores à sua Mãe do Céu. «Cada manhã é mais um duro desafio de sobrevivência», sublinhou o Prelado referindo-se à vida da pesca, para quem só «a fé na providência de Deus e a presença amorosa da Mãe sustêm a esperança de um feliz regresso» da faina que é o ganha-pão de muitas famílias. A romaria de Nossa Senhora da Agonia é a retribuição, interpreta o Bispo, por cada «tormenta, cada sofrimento suportado e ultrapassado» que constituem «testemunho eloquente do amor e providência divinos». A bênção do mar e das embarcações é uma prece ao Senhor «de todas as coisas» pedindo «serenidade no mar», o «amainar das tempestades», «frutos abundantes da faina» e um regresso feliz de todos ao lar. A Senhora da Agonia embarcou este ano no “Senhora das Areias” de João Pacheco que além da honra é ocasião para convívio com os familiares e amigos, fazendo da embarcação da faina quotidiana um verdadeiro andor da Virgem.

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