Sem fins económicos, «mas apenas pastorais», foram benzidas ontem duzentas imagens de São Roque em Merelim São Paio, freguesia do concelho de Braga onde, desde o século XVI, existe uma capela em honra daquele santo francês. A bênção aconteceu no final da missa celebrada à noite, que assinalou o início das festas que se prolongam até ao primeiro Domingo de Setembro. A ideia de fomentar a devoção a São Roque com a confecção de réplicas da imagem mais venerada na capela de São Roque, construída em 1569, foi sugerida pelo pároco de Merelim São Paio à comissão organizadora das festas no corrente ano, que prontamente a aceitou. As pequenas estátuas para ter em casa podem agora ser adquiridas pelos devotos interessados em invocar São Roque, que nasceu em Montpellier (França) no ano de 1284 e aí morreu numa masmorra, no dia 16 de Agosto de 1319, depois de ter sido tomado por um espião. O santo é invocado contra a peste, como aconteceu no início do século XVI em Lisboa, já que ele mesmo foi contaminado pela mesma e miraculosamente dela foi salvo e alimentado por um cão que lhe levava de comer. Na missa celebrada ontem à noite, o padre António Luís Sousa afirmou que hoje «não existe a peste que mata como no século XVI quando foi edificada a capela no cumprimento de uma promessa». Mas, acrescentou o sacerdote, «há outras pestes para as quais necessitamos de protecção: o ódio, a violência, a guerra, o desemprego, as doenças, a solidão dos idosos, a exploração das crianças… o adormecimento dos valores que dão sentido à vida». «A crise da nossa sociedade não é de ordem material, mas sim espiritual», afirmou também o pároco de Merelim São Paio na homilia proferida na capela de São Roque cuja propriedade está a ser dirimida em tribunal, na sequência de uma acção popular.