Sacerdote recebeu o visto de entrada em Angola em 1977, o primeiro a ser concedido a um novo missionário depois da independência do país
Lisboa, 17 dez 2022 (Ecclesia) – Faleceu esta quinta-feira o padre António Valente Pereira, Missionário da Boa Nova; após a Missa exequial, celebrada na sexta-feira, dia 16, em Cucujães, o funeral realizou-se no Cemitério do Barral, Paróquia de Vila Chã, a sua terra natal.
Natural da Diocese de Viana do Castelo, onde nasceu em 1943, entrou no Seminário da Boa Nova com a decisão de ser padre missionário, sendo ordenado no dia 28 de julho de 1968
“Depois de sete anos como formador no Seminário de Cucujães, foi nomeado para Angola. A 13 de maio de 1977 recebeu o visto de entrada. Foi o primeiro a ser concedido a um novo missionário depois da independência de Angola. Aí passou o resto da sua vida até ao regresso a Portugal devido ao débil estado de saúde”, indica um comunicado dos Missionários da Boa Nova.
O padre António Valente Pereira “viveu vários anos no meio da guerra”, dedicava-se à “evangelização direta com o povo” e passa o tempo em missão nas aldeias onde “dormia e comia do que lhe davam”
“Numa das viagens missionárias à Missão do Ebo, foi intercetado por guerrilheiros que o alvejaram. Ficou com o ombro esquerdo completamente esfacelado, mas evitou que as balas atingissem as irmãs que viajavam com ele. Depois de operado em Luanda e restabelecido em Portugal, de novo regressou a Angola. Apesar do prognóstico reservado dos médicos, quase recuperou a mobilidade do braço, e retomou o mesmo ritmo de entrega à Missão”, lembra o comunicado.
Fundador da paróquia da Boa Nova na Diocese de Viana, em Angola, onde “deixou marcas indeléveis até hoje” pela dedicação ao Evangelho e “particularmente dos mais pobres, que sempre defendeu até com o risco da própria vida”.
“Era uma voz profética no meio dos bairros imensos dos arredores de Viana”, afirmam os Missionários da Boa Nova.
EM Portugal, passou os últimos tempos da sua vida no Lar de Santa Teresinha do Menino Jesus, onde “visitava os outros utentes nos seus quartos, consolando e dando os sacramentos”, particularmente “durante a pandemia de Covid-19, quando ninguém podia ir fazer assistência espiritual”.
“Foi missionário até ao fim”, conclui o comunicado dos Missionários da Boa Nova.
PR