Escutismo em memória

Na celebração do centenário do escutismo, o Corpo Nacional de Escutas foi ao baú das suas memórias e encontrou muitas personalidades portuguesas que fizeram caminho neste movimento juvenil. Falecido em 1932, D. Manuel Vieira de Matos, arcebispo de Braga, recebeu os escuteiros do 4º acampamento nacional. Ficou célebre a frase proferida. “Queridos rapazes, metade do meu coração é vosso. Levai-o convosco”. Apesar da estreita relação entre a Igreja e o Estado Novo, o Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira “impôs quase sempre a sua autoridade pastoral e foi protagonista de diversos conflitos institucionais, nomeadamente em 1938, com o ministro da Educação, Carneiro Pacheco, impedindo a integração do CNE na Mocidade Portuguesa”. Se o cardeal Cerejeira defendeu sempre este movimente juvenil, o seu sucessor, D. António Ribeiro, foi caminheiro no Clã 8 do Seminário Conciliar de Braga. Da suas palavras no Congresso do CNE, realizado em 1986, transcreve-se o seguinte: “É comum dizer-se que o Escutismo representa uma excelente escola de formação humana. Sabe-o toda a gente, mas conhece-o de um modo particular, quem alguma vez foi escuteiro. Tive a sorte de fazer parte de um grupo de escuteiros… Ajudou-me a crescer em humanidade e na fé. Ainda hoje me considero membro da grande família escutista”. Escuteiro Prémio Nobel da Paz O dia 10 de Novembro de 1996 ficará na história do Corpo Nacional de Escutas. Um escuteiro das suas fileiras foi laureado, em Oslo, com o Prémio Nobel da Paz. Nascido em 1948, em Baucau (na altura Timor português), D. Carlos Ximenes Belo foi escuteiro do agrupamento 550, D. Bosco, de Manique, Estoril. Foi símbolo de um povo mártir e recebeu, em Évora, das mãos do chefe nacional do CNE, a mais alta condecoração da associação, o colar de Nun´Álvares. O actual bispo do Porto, D. Manuel Clemente, também bebeu o espírito de Baden Powell. O prelado fez “um percurso extraordinário pelo Corpo Nacional de Escutas”. Membro activo dos agrupamentos de S. João de Brito e de Torres Vedras, D. Manuel Clemente foi assistente, formador e chefe de núcleo do Oeste. Mobilizou paróquias, organizou acampamentos de núcleo, festivais escutistas. O actual bispo do Porto foi o pai da ideia da revista «Oestescutista». Falou com Baden Powell (fundador do escutismo), fundou e dirigiu durante oito anos a «Flor do Lis». Referimo-nos a Monsenhor Avelino Gonçalves que publicou também o livro «A educação da Juventude pelo Escutismo». Ao longo destes anos foram muitos milhares de jovens que passaram pelo CNE. O baú está cheio de recordações mas o escutismo português também tem os olhos postos no horizonte. Quer construir trilhos do futuro: proporcionar um melhor conhecimento do Escutismo; reforçar a unidade do escutismo na diversidade cultural; promover a paz; promover o diálogo inter-religioso e demonstrar o contributo do escutismo no ambiente. O CNE está atento aos sinais do tempo. (Nota: estes dados foram retirados do livro «Corpo Nacional de Escutas – Uma história de factos)

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