Diácono Carlos Borges salientou a importância das dimensões da esperança e da oração nas exéquias
Lisboa, 28 out 2022 (Ecclesia) – O diácono permanente Carlos Borges, da Paróquia de Barcarena (Patriarcado de Lisboa), disse que “é significativo que quase no final do ano litúrgico” a Igreja Católica celebre a Solenidade de Todos os Santos e a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’.
“É significativo que, quase no final do ano litúrgico, a Igreja dedique estes dois dias a duas celebrações tão importantes, muito ligadas uma à outra, especiais na Igreja”, assinalou hoje o diácono permanente em entrevista à Agência ECCLESIA.
A Igreja Católica celebra a solenidade litúrgica de Todos os Santos, feriado nacional em Portugal, onde lembra conjuntamente “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente, a 1 de novembro, e no dia seguinte tem lugar a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’ (2 de novembro).
“É um dia completamente diferente, marcado muito fortemente pela oração”, referiu Carlos Borges.
O diácono permanente, colaborador na Paróquia de Barcarena, destacou a importância da dimensão da esperança e explica que nas celebrações exequiais “é preciso muito cuidado” porque encontra, normalmente, “pessoas muito frágeis, muito marcadas pela dor”.
“As pessoas que encontramos num funeral estão sempre muito ligadas à dor e procuro muito falar da esperança: É aquilo que nos diferencia, estamos marcados pela esperança na ressurreição”, acrescentou na entrevista transmitida hoje no Programa ECCLESIA, na RTP2.
O entrevistado salienta que a celebração exequial “é sempre marcada por um forte momento de oração” para indicar que a separação que a morte representa “não significa que aqueles que partem ficam fora do amor”, e, muitas vezes, partilhar isso com as pessoas que tem à sua frente “faz bem, conforta” e percebem o que estão ali a fazer.
A ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.
Roma oficializou-o no século XIV e no século XV, foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar três Missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia; durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).
Sobre a solenidade litúrgica de Todos os Santos, o diácono permanente Carlos Borges lembrou que todos são “chamados à santidade”, e que este dia deve ser visto como um dia em que recorrem “àqueles que foram heróis na Igreja e já estão a gozar do paraíso”, “os santos anónimos”.
Segundo a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.
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