“Em virtude do sacramento da Ordem, os sacerdotes participam das dimensões universais da missão confiada por Cristo aos Apóstolos” – diz o Catecismo – sublinhando que esta missão é universal. Embora o sacerdócio dos fiéis nos una a todos à acção salvífica do Senhor, a sagrada ordenação, recebida em graus diversos, constitui os consagrados pela imposição das mãos do Bispo e pela oração consecratória ministros do Senhor, na medida dos poderes dados no rito sacramental. Esta graça divina foi concedida, na sé catedral, no último domingo, a toda a diocese com a ordenação presbiterial do Rui Miguel Manique Nogueira e diaconal do Gilbereto Joaquim Roque Antunes. Neles, se multiplicam agora as bênçãos de Deus e, por deles, o povo santo poderá ser iluminado mais pela Palavra e santificado pelos sacramentos. Na mesma cerimónia, foram instituídos nos ministérios laicais: de acólitos o Valter Joaquim Roque Antunes e de leitores o Hugo Alexandre Pichel Martins e o Luís Miguel Pardal Freire. Sobre estes, no momento próprio, após a homilia, D. Manuel Felício implorou a misericórdia divina, rezando a Deus: “Dignai-Vos abençoar estes nossos irmãos, escolhidos para o ministério de Leitores, e concedei que meditando assiduamente a vossa Palavra, sejam nela instruídos e fielmente a anunciem a seus irmãos”. E logo de seguida, implorou para o acólito: “Dignai-Vos abençoar este nosso irmão escolhido para o ministério dos Acólitos, e fazei que seja assíduo no serviço do altar, distribua fielmente aos seus irmãos o Pão da vida, e cresça cada vez mais na fé e na caridade para edificação da vossa Igreja”. Para aqueles, os consagrados em Ordens sacras, tendo-lhes imposto as mãos, deu-lhes os poderes próprios de diácono suplicando: “Enviai sobre ele, Senhor, nós Vos pedimos o Espírito Santo que o fortaleça com os sete dons da vossa graça, a fim de exercer com fidelidade o seu ministério”, e de presbítero: “Nós Vos pedimos, Pai todo-poderoso, constituí este vosso servo na dignidade de presbítero; renovai em seu coração o Espírito de santidade; obtenha, ó Deus, o segundo grau da Ordem sacerdotal que de Vós procede, e a sua vida seja exemplo para todos”. A pesar de milhares de pessoas se terem reunido na sé, a fim de tomarem parte nesta hora, o silêncio era profundo, e o enlevo pairava sobre toda a assembleia que seguiu com admirável atenção os impressionantes ritos sagrados. A vestição de cada um, a entrega do Livro dos Evangelhos ao novel diácono e do pão e do vinho ao recém presbítero, depois de lhe terem sido ungidas as mãos, foram momentos significativos que todos introduziram no coração. A envolver a assembleia num maior misticismo e compreensão do mistério celebrado, D. Manuel Felício, comentando a hora e os textos bíblicos proclamados e centrando as suas palavras no problema das vocações, afirmou: “A decisão pelo seguimento de Cristo é para todos nós a mais fundamental e aquela na qual cada um de nós não pode pôr condições. Quem põe condições ou não está disposto a fazer uma escolha radical diante do chamamento de Cristo, como Ele nos diz hoje, no Evangelho, ‘não serve para o Reino de Deus’”. Sabendo que este chamamento divino se concretiza na acção apostólica de toda uma Igreja, o Senhor Apostólico, chamou a atenção sobretudo dos sacerdotes para a urgência desta doutrinação: “Jesus Cristo deseja que nós, padres diocesanos, vivamos o nosso ministério como alguém que encarna o mais e o melhor possível a alma de um povo, procurando conhecer o melhor possível a comunidade ou as comunidades que lhe estão confiadas, com gestos de acolhimento personalizado para todos. Este é o princípio da Encarnação vivido pelo próprio Cristo e que nós, como sua presença visível, somos chamados também a viver. Jesus Cristo quer que nós padres, portadores dos seus dons, principalmente da sua graça, para as comunidades que nos estão confiadas. Realizamos este mandamento de Cristo principalmente quando presidimos aos sacramentos, e, em particular, ao Sacramento da Eucaristia e ao Sacramento da Reconciliação ou confissão. (…) O Senhor Jesus pede-nos a nós padres que sejamos um corpo vivo, o Presbitério, ao serviço de outro corpo vivo que é a Igreja, neste caso, a Igreja Particular identificada com a nossa diocese. Nunca nenhum padre pôde ser padre sozinho ou de relações cortadas ou simplesmente inexistentes com os outros padres do seu Presbitério. (…) Jesus Cristo pede-nos que sejamos sempre curadores e promotores de novas vocações sacerdotais. E que o façamos principalmente com três preocupações: 1ª) sensibilizando a nossa comunidade e rezando com ela pelas vocações sacerdotais; 2ª) cuidando o nosso estilo de vida sacerdotal de tal maneira que nos realizemos a nós mesmos no cumprimento da missão que nos está confiada e entusiasmemos outros a percorrerem, com alegria, o mesmo caminho; 3ª) dirigindo o convite directo para se decidirem pelo ministério sacerdotal àqueles que julgamos com perfil para esta missão”. No final, a multidão envolveu o sacerdote e o diácono recém ordenados e também o acólito e os leitores em efusivos e cordiais cumprimentos.