Conversa com Jesuítas, no Cazaquistão, abordou conflito e «incompreensões» em volta das intervenções de Francisco
Cidade do Vaticano, 28 set 2022 (Ecclesia) – O Papa descartou uma visita a Kiev, no imediato, sublinhando que o conflito na Ucrânia se insere no que chama de “guerra mundial”.
“Parece-me que a vontade de Deus é que não vá, neste preciso momento, mas vamos ver mais tarde”, referiu Francisco, numa conversa com membros da Companhia de Jesus (Jesuítas) na capital do Cazaquistão, a 15 de setembro, aquando da sua visita ao país.
O teor do encontro privado é divulgado pela revista ‘La Civiltà Cattolica’, dos Jesuítas italianos, e pelo portal de notícias do Vaticano.
“Há uma guerra a decorrer e considero um erro pensar que é um filme de ‘cowboys’, onde há bons e maus. E também é um erro pensar que esta é uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia e pronto. Não: esta é uma guerra mundial”, declarou o Papa.
Francisco sublinhou que a “vítima” do conflito “é a Ucrânia”, mas rejeita qualquer explicação “simplista” sobre as causas da guerra, que vê como consequência do “imperialismo”.
“Quando se sentem ameaçados e em declínio, os imperialismos reagem, pensando que a solução é fazer uma guerra para se refazerem, e também vender e testar armas”, apontou.
Questionado sobre o que é preciso fazer para “libertar os corações do ódio”, o Papa passou em revista as suas várias intervenções, desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro, admitindo que existam “incompreensões” por falar de vítimas dos dois lados.
“Quem faz a guerra esquece a humanidade e não olha para a vida concreta das pessoas, põe acima de tudo interesses e poder. As pessoas normais, em todos os conflitos, são as verdadeiras vítimas, que pagam as loucuras da guerra na sua própria pele”, explicou.
Durante a conversa, Francisco revela ter estado em contacto com o embaixador da Rússia junto da Santa Sé para “acelerar” uma eventual troca de prisioneiros de guerra.
OC