Violência doméstica preocupa Cáritas de Aveiro

A violência doméstica é uma realidade a descoberto. Talvez também a descobrir. Não se sabe se é uma problemática emergente dada a quantidade de respostas que surgem, ou se é uma realidade que sempre aconteceu, “apenas agora existem mais denúncias”, uma vez que constitui actualmente um crime público. A Cáritas Diocesana de Aveiro organizou recentemente um Colóquio que versava sobre esta problemática. Dora Graça é coordenadora do Projecto Novas Sendas, na Cáritas Diocesana. Esta iniciativa abarca diversas áreas, uma delas – “os Encontros Temáticos” procuram reunir os parceiros do projecto mas também entidades interessadas em questões pertinentes para a inserção da população com que trabalham. Há cerca de um ano foi criado um gabinete na Cáritas Diocesana de acompanhamento a mulheres vítimas de violência doméstica. O Colóquio sobre «Violência em meio familiar» ía de encontro a este trabalho iniciado que actualmente é “uma problemática importante”. Este espaço manifesta vários objectivos mas principalmente quer “atender e aconselhar as mulheres”, informando-as sobre os seus direitos e como proceder caso entendam fazer uma denúncia. O encaminhamento para outras entidades é outra das mais valias deste gabinete, uma vez “que procuramos estar em sintonia com uma rede de serviços que possam dar resposta a esta problemática”. A somar a isto, há todo um apoio emocional e psicológico que estas situações acarretam, “pois não raras são as vezes em que somos procurados em situações limite”, dá conta Dora Graça. Oficialmente a funcionar desde Fevereiro de 2006, o gabinete de apoio surgiu no âmbito de um desafio lançado a partir do Porto, que manifestava o objectivo de criar pólos de atendimentos a vítimas de violência doméstica. “Como esta era uma área que em Aveiro nos era próxima, pois nos surgia muitas vezes, decidimos especificar a ajuda”. A Cáritas manifesta a preocupação de divulgar o trabalho do gabinete e quando tal acontece “o número de pedidos de auxílio aumenta”. Situações que representam uma situação continuada, “pois os pedidos de ajuda não surgem na primeira crise”. Quem acorre à Cáritas Diocesana de Aveiro, “na sua maioria, não vem por iniciativa própria”, mas chegam encaminhadas pelo serviço de atendimento social da Cáritas, ou pelas autoridades policiais, instituições de saúde ou outras IPSS. Dora Graça dá conta de algumas respostas na diocese para esta problemática, mesmo tratando-se de casas de abrigo, mas os gabinetes de proximidade que visam o esclarecimento para posteriormente se passar ao acompanhamento psicológico, não existiam. A organização diocesana comporta fronteiras muito diversas, “sendo que a origem das pessoas que nos procuram é variada” – centro de Aveiro, acrescida de outros concelhos também, representando de uma realidade diversa. Na realidade, aponta Dora Graça, “estamos a falar de uma situação muito complexa”, porque se pensa sempre na vítima enquanto mulher, mas na realidade “há também os filhos e quando uma situação destas acontece, ambos têm de sair de casa”. O Colóquio contou com a participação de muitos dirigentes, técnicos e voluntários que se encontram a trabalhar nesta área específica compondo uma audiência variada de instituições, entre as quais as forças policiais, instituições de abrigo e “técnicos que trabalham nas suas freguesias em serviços de atendimento”. Dessa forma o colóquio pretendia abordar toda “uma sensibilização”, mas aprofundar também que tipo de respostas existem com ordem ao melhor encaminhamento para as situações. “Os técnicos confrontam-se com casos ao qual não sabem que resposta dar”, explica Dora Graça, sublinhando que o atendimento tem de ser específico para cada caso.

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