Propor e transmitir a Fé na sociedade actual

Foi assim que o Conselho Presbiteral, na sua Sessão de 1-3 de Maio passado, formulou o grande desafio pastoral do nosso tempo: Propor e transmitir a fé na sociedade actual. O que evidencia a imperiosa necessidade de uma tomada de consciência da mutação cultural em acto na sociedade e da consequente urgência de re-evangelização. Para o que não chegam respostas pontuais. É preciso uma abordagem mais global e integrada da acção pastoral, possivelmente com a convocação de um Sínodo Diocesano, se e quando houver condições objectivas para tal. Entretanto, urge reactivar e consolidar os Conselhos Pastorais, a todos os níveis, para um melhor conhecimento da realidade e um maior envolvimento dos fiéis leigos na vida e na missão da Igreja, que vive da Eucaristia e segundo o modelo eucarístico. Eucaristia, dom de Deus para a vida do mundo Os fiéis leigos, reunidos em Assembleia Geral do Conselho Pastoral Diocesano, de 6 a 9 de Junho de 2007, fizeram a avaliação do Triénio da Pastoral do Domingo, a partir da análise, feita pelas Ouvidorias, pelos Movimentos e pelos Serviços Diocesanos. Foram salientados, como pontos positivos: celebrações litúrgicas mais cuidadas e vividas; o grande esforço de motivação para o culto eucarístico; maior participação dos grupos de Catequese e dos diferentes Movimentos na animação litúrgica; forte empenho formativo sobre a centralidade da Eucaristia, para viver o Domingo como Dia do Senhor. Não se desenvolveu muito o aspecto do sentido cristão do Domingo, a integrar a pesada agenda das actividades do fim-de-semana. Ficou o caminho aberto para ulteriores aprofundamentos, nomeadamente no que respeita à transmissão da fé e da sua prática às novas gerações, com um apoio mais explícito e consequente da família, a primeira responsável pela educação da fé. O Conselho Pastoral encerrou o Triénio sobre a Pastoral do Domingo, com o Simpósio sobre a Eucaristia, celebrado na Solenidade do Corpo de Deus (7 de Junho), sob a orientação do Pe. Henrique Rios dos Santos SJ, Delegado Nacional para o 49º Congresso Eucarístico Internacional (Québec-Canadá, 15-22 de Junho de 2008), subordinado ao tema: Eucaristia, dom de Deus para a vida do mundo. Coerência eucarística Neste contexto e em continuidade com o caminho percorrido, o Conselho Pastoral Diocesano sugeriu que a futura programação pastoral, implicando a reactivação e consolidação dos Conselhos Pastorais, a todos os níveis, promova, com adequadas iniciativas de formação permanente, uma maior abertura das paróquias à realidade circunstante e uma presença mais visível e credível da Igreja no tecido social, para além das celebrações litúrgicas e das manifestações da religiosidade popular. Quando se afirma que a paróquia deve ser comunidade eucarística, estamos a insistir na centralidade da Eucaristia, força e motor da missão, mas também projecto de missão. A Eucaristia «faz» a Igreja e «modela» a vida e a missão da Igreja. Na Eucaristia, Jesus continua a dar a vida pela vida do mundo. Tal é também o caminho da Igreja. É a «coerência eucarística», referida pelo Papa na recente Exortação Pós-Sinodal, que implica o «testemunho público da fé», pela vivência da caridade, no sentido cristão e abrangente do termo. O Evangelho de Jesus é uma proposta positiva de vida. Não há transmissão da fé, sem uma pastoral integrada e integradora do anúncio do evangelho, da celebração dos sacramentos e do serviço da caridade. Como afirma Bento XVI, «a prática da caridade é um acto da Igreja, como tal…; como o serviço da Palavra e dos Sacramentos faz parte da essência da sua missão originária» (Deus Caritas Est 32). Não há anúncio do Evangelho, sem vivência da caridade. Não pode haver proposta da fé, sem acolhimento das pessoas e interesse solidário pelos seus problemas e situação de vida, isto é sem fé, que se torna operativa pela caridade (cf. Gal 5, 6). A celebração da Eucaristia, que não se traduza em projecto de solidariedade, soa a falso. «Aquela é um modo de ser que passa de Jesus para o cristão e, através do seu testemunho, tende a irradiar-se na sociedade e na cultura» (João Paulo II, Mane Nobiscum Domine 25). A «mística» do Mistério Eucarístico envolve-nos no dinamismo do acto oblativo de Cristo, que veio ao mundo, não para ser servido, mas para servir (cf. Mt 20, 28). Com Ele e como Ele, os cristãos têm de ser também pão partido e repartido para a vida do mundo.

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