Trabalhadores cristãos atentos a desigualdades

Setúbal acolhe o XIII Congresso Nacional da LOC/MTC sobre «Valorizar o Trabalho – Dignificar a Pessoa» Reunidos no XIII Congresso, em Setúbal, a LOC/MTC aposta em reflectir nas formas de valorização profissional e dignificação da pessoa humana. São estas as grandes linhas orientadoras que até amanhã os trabalhadores cristãos se propõem reflectir. Do último Congresso em 2004, em Viseu, o Movimento foi desafiado a trabalhar na construção de um mundo novo, vivendo e testemunhando a esperança, acreditando que “as condições e os meios para tornar o mundo mais justo e humano estão ao nosso alcance”, porque ninguém se devia resignar frente a uma globalização que tem unicamente por base critérios economicistas. A Equipa Nacional, decidiu iniciar o seu Plano de Acção, em 2004/2005, centrado na Família, dando uma atenção especial no campo do Trabalho, da Escola, Prestações Sociais e Desenvolvimento, temas que pautaram as acções deste movimento até agora. “Foi possível lançar e dar corpo a um conjunto de iniciativas, tais como: Revisões de Vida nos grupos, encontros de formação, debates sobre o futuro do trabalho, conferências e trabalho de parcerias com outras organizações”. Nas acções desenvolvidas destaca-se o Encontro Nacional de Trabalhadores realizado na cidade de Guimarães com a presença de mais de um milhar de trabalhadores. Desse encontro surgiu a “Declaração de Guimarães” sobre “O Futuro do Trabalho”, na qual foram apontados valores e desafios quanto ao futuro. António Soares, responsável nacional pela LOC/MTC, analisa o percurso feito nos últimos três anos como “um esforço grande para estar junto dos trabalhadores, nas dioceses, mas também a nível nacional”, mas destaca também os comunicados emitidos junto dos responsáveis políticos e religiosos “que davam conta do que íamos sentindo sobre várias questões importantes”. O trabalho que os trouxe até Setúbal e ao XIII Congresso foi um trabalho preparado desde as bases, que “reflecte as nossa preocupações ligadas ao mundo que nos rodeia”. “Procuramos detectar as realidades que preocupam os trabalhadores em Portugal”, explica e ganha grande destaque a questão laboral. “O crescente desemprego, a precarização do trabalho que afecta quase um milhão de pessoas sem escolher idades – homens, mulheres, jovens e adultos”. A partir desta realidade “trazida pelas bases, vamos procurar caminhos para ajudar a diminuir esta realidade com que nos deparamos”, caminhos esses que serão perspectivados esta tarde – dia 8. Daqui sairá o Plano de Acção 2007 – 2010, incidindo sobre os desafios que “hoje se lançam à LOC, procurando estar presente sempre na sociedade e na Igreja”. Outras realidades prendem ainda a atenção dos trabalhadores cristãos durante os três dias do Congresso. A Família “porque todos somos filhos, surge como uma preocupação”, explica o responsável nacional, destacando toda a problemática que actualmente envolve o núcleo familiar. O Trabalho e as questões sociais, “porque é uma dimensão essencial para o homem, porque é o seu sustento e da sua família”. Enquanto trabalhadores cristãos sublinham a importância do trabalho “para a continuação do plano de Deus para o homem”. A Saúde é outro grande tema. “Até que ponto esta área está estruturada para responder aos problemas e anseios dos trabalhadores?” questiona António Soares. Por último surge a Segurança Social. Num contexto não só nacional mas na Europa também, onde “o sustento social está em causa, nós enquanto cristãos afirmamos que a Segurança Social é o primeiro garante de solidariedade e uma forma de combater as diferenças e a pobreza”. Recorde-se que em Maio, o Bispo do Porto, mostrou-se preocupado e atento Às desigualdades humanas. “Têm sido reconhecidas e analisadas as dificuldades sociais e económicas da região, em especial no que toca às empresas e ao desemprego de muitos trabalhadores. Igualmente se verificam novos surtos emigratórios, em busca do trabalho que aqui escasseia”, assinalava numa nota pastoral emitida por ocasião do 25.º aniversário da visita do Papa João Paulo II ao Porto. D. Manuel Clemente afirmou que “o trabalho é o caminho próprio da realização humana” e por isso, “deve ser encarado como um bem social de primeira ordem”. “Garantir trabalho, promover a habilitação escolar e profissional, desenvolver a formação contínua – convencendo delas os próprios trabalhadores, para si e para os seus filhos – e obviar à ociosidade forçada, tudo são garantias de uma sociedade realmente desenvolvida”, apontou. Para o Bispo do Porto, estas garantias “longe de serem mais um dispêndio para quem tem que gerir recursos públicos ou privados, são o melhor investimento social e económico a médio e longo prazo, além de caracterizarem uma sociedade saudável”. Estas realidades serão evidenciadas no Plano de Acção a traçar até ao final do Congresso, que será assumido num documento final, no fechar dos trabalhos durante o dia de amanhã.

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