Novos programas de EMRC prontos em Julho

Os programas da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica estão a ser ultimados, devendo estar prontos em Julho. Serão posteriormente publicados e acessíveis para serem homologados pelo Ministério de Educação. Como a Igreja Católica é a única autoridade para organizar os conteúdos de EMRC, “não haverá grande problema, é apenas um aspecto formal”, apesar de ter consequências. Esta homologação dota no entanto, este programa de um carácter oficial, como “possível de ser implementado no sistema educativo português”. “Este ano, o programa fica pronto”, adianta à Agência ECCLESIA Jorge Paulo, responsável do departamento de EMRC do Secretariado Nacional de Educação Cristã, disponibilizando os conteúdos desde o 1º ano até ao 12º ano de escolaridade. Depois da aprovação do programa, vai proceder-se à elaboração dos materiais – manual e caderno do aluno, manual do professor e outros materiais que se considerem pertinentes para a implementação do programa. As equipas que irão produzir os materiais para o 1º, 5º, 7º e 10º anos, estão “a ser preparadas” e irão trabalhar durante o próximo ano. O que leva a que os programa ainda não entrem em vigor, “apenas serão implementados em escolas piloto e só para o 1º, 5º, 7º e 10º, para que seja possível a adequação dos materiais e que haja um constante feedback sobre o programa por parte de alunos e professores”, sendo que estas “reacções são fundamentais para melhorarmos os recursos”. Em 2008 prevê-se a aplicação dos manuais preparados “em todas as escolas e para todos os alunos”. No ano seguinte, 2008-2009, vai experimentar-se a aplicação dos materiais do 2º, 6º, 8º e 11º, “tudo de forma faseada para que os materiais sejam produzidos com consistência, tendo em conta o feedback das escolas, e haja tempo para uma adaptação das pessoas ao novo programa”. O programa vai também ser lançado junto dos professores, num Fórum a decorrer nos dias 6, 7 e 8 de Setembro, em Fátima, “de lançamento dos programas, como forma de os dotar dos objectivos comuns”. O êxito da disciplina, segundo Jorge Paulo, depende da relação dos professores com os seus alunos, “relação pedagógica, do despertar o interesse dos alunos, da mobilização da escola e do desenvolver actividades interessantes a nível pedagógico e que responda aos interesses e necessidades dos alunos”. A somar a isto, EMRC depende também da “qualidade dos materiais à disposição dos alunos, que no fundo são a imagem da disciplina perante os pais, a escola e os colegas”. A aposta nas novas tecnologias, não apenas no manual “em papel, mas na sua interacção com a internet são aspectos cruciais para desenvolver nos alunos a sua apetência pela disciplina”, explica o responsável do departamento de EMRC. De qualquer forma, “o próprio programa perspectiva vários contactos de trabalho inter disciplinar na escola”, sendo este um factor essencial para que os alunos percebam que EMRC, a par doutras disciplinas, não é “um compartimento estanque mas está relacionada com outras áreas de saber”, explica Jorge Paulo, “não esquecendo a perspectiva ética e moral orientada a partir da perspectiva religiosa”. A arte é também uma aposta, “sublinhando o aspecto simbólico e artístico do religioso, que até agora se encontrava descurado no programa”. A adaptação à realidade portuguesa e aos desafios que a educação manifesta é o objectivo da disciplina de forma a “tornar interessante para os alunos a abordagem religiosa”, nomeadamente a abordagem cristã “mas na perspectiva de relação com a sua própria vida e com o âmbito das outras áreas do saber”, porque sublinha o responsável do departamento de EMRC “é impossível leccionar literatura sem recurso à cultura religiosa”. Uma questão que não está equacionada, nem posta em prática, “pois a cultura religiosa é essencial para perceber as outras áreas, como história ou a literatura”, acontecendo mesmo casos em que os professores não estão dotados de “formação teológica adequada para contextualizar determinados conteúdos”. O professor de EMRC deve ser “um apoio e uma mais valia nos conteúdos”. Depois de um ano lectivo conturbado, onde não se percebeu o lugar da disciplina curricular de EMRC dentro do próprio currículo, “o novo ano não se perspectiva muito diferente”, explica Jorge Paulo. Razões que se prendem com a dificuldade em concertar o diálogo entre o Ministério da Educação e a Igreja com vista à clarificação e enquadramento da disciplina no sistema educativo. “A nova legislação vai saindo, esquece o lugar de EMRC e retira-lhe espaço”, devido às actividades de enriquecimento curricular que “são adicionais”. “Não há condições para que se possa desenvolver um trabalho sério junto das escolas e dos alunos, parecendo um menosprezar da disciplina”, lamenta, apesar de do ponto de vista legal, EMRC se manter uma disciplina curricular.

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