Igreja procura relevância na vida cultural

Assumir a presença na cultura contemporânea, como portadora de valores específicos e relevantes, é um dos maiores desafios que se coloca à Igreja Católica no nosso país. A conclusão brota da III Jornadas Nacionais da Pastoral da Cultura, que decorreram em Fátima. D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais (CECBCCS), refere ao Programa ECCLESIA que “há expectativas muito positivas da parte da cultura em relação à Igreja e talvez a mais importante seja a que a Igreja possa representar, no espaço da cultura, uma presença que sinaliza as preocupações e os valores mais ligados à humanidade e à pessoas humana”. Perante esta “expectativa tão positiva” da cultura contemporânea, é essencial que a Igreja não se limite a acções esporádicas, mas apresente uma continuidade de actividades que “levem a IUgreja a ter uma inscrição, uma presença na cultura contemporânea e seja verdadeiramente fecunda”. Cada Diocese foi convidada, nas Jornadas, a “organizar locais onde as pessoas se encontrem como convivência e como fermentação de uma cultura propriamente evangélica”. A iniciativa, segundo o Bispo do Porto, serviu para “vermos naquilo que estamos a fazer o que é realmente prioritário”. “Há muita gente se interroga ao nível propriamente cultural sobre a vida, sobre o acontecer português e não só português na actualidade e que com essa interrogação há muita gente a querer progredir quer no campo confessional quer para além dele”, apontou. Pastoral renovada António Matos Ferreira, historiador da UCP, falou das prioridades se colocam à Pastoral da Cultura em Portugal, assinalando que “o grande desafio é que os cristão percebam que, mais do que defender um património fixado rígido, o grande desafio é assumirem na sua vida, na sua própria vida uma identificação com aquilo que é o central do Evangelho”. Nesse sentido, aponta, a posição dos cristãos no universo a cultura é”serem homens e mulheres capazes de suscitar um diálogo construtivo que desenvolva a consciência do próprio ser humano”. Vivendo numa cultura que “pela conflituosidade e pela concorrência se dirige sempre aos outros sublinhando o que há de negativo”, os cristãos são chamados exactamente a “serem capazes de manifestar que Deus não abandona a realidade”, o que “transporta uma esperança para a vida de cada um, nas mais diversas situações”. “A pastoral da cultura deve ser uma particular atenção da comunidades cristãs por um lado a que cada um sinta o desejo de conhecer melhor o outro”, refere, considerando que “a cultura, no fundo, é a capacidade de introduzir sentido e reconhecimento naquilo que é a relação entre as pessoas”. Isabel Alçada Cardoso, do Centro Cultural Pedro Hispano (Lisboa), diz que a Igreja deve “ajudar a devolver o homem ao próprio homem” e a “redescobrir a pertença a Cristo, que existe desde sempre”.

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