Nova biografia de Pio XII rejeita acusação de anti-semitismo

Uma nova biografia de Pio XII diz que as acusações de que o Papa seria anti-semita e teria ignorado o Holocausto fazem parte de uma “lenda negra” e não encontram apoio em quaisquer documentos históricos. O jornalista italiano Andréa Tornielli, autor do livro, refere em entrevista à Reuters que o Papa Pacelli “se tornou o pára-raios de todas as supostas responsabilidades da Igreja Católica” no período da II Guerra Mundial. A obra, de 650 páginas, tem como título “Pio XII, Eugenio Pacelli. Um Homem no Trono de São Pedro”. Tornielli cita novos documentos dos arquivos da família Pacelli mostrando, por exemplo, que, na escola, o jovem Eugenio era amigo íntimo de um colega judeu, Guido Mendes. Pacelli ajudou depois a família Mendes quando o ditador Benito Mussolini promulgou as “leis raciais” contra judeus, em 1938. Graças ao trabalho do Papa Pacelli, Roma contou com a maior percentagem de judeus que sobreviveram nas cidades ocupadas pelos Nazis. Dos 5715 Judeus de Roma, registados pela Alemanha para serem deportados, 4715 foram acomodados em 150 instituições católicas, 477 dos quais em santuários do Vaticano. Pio XII teve uma atitude similar na Hungria através do seu representante, o Núncio Angelo Rotta, que teve um papel decisivo na hora de salvar a vida de 5000 Judeus. A ideia negativa sobre o Papa Pio XII começou-se a consolidar desde a obra teatral “O Vigário” escrita em 1963 por Ralf Hoch Hunt, que lançou as bases para uma visão particular de Eugénio Pacelli, que em 1939 foi eleito Papa com o nome de Pio XII. Em 1999, John Cornwell publicou “O Papa de Hitler” e Daniel Goldhagen, em 2002, apresentou o livro “A Moral Reckoning”, ambos com visões negativas sobre o papel desempenhado por este Papa na II Guerra Mundial – supostamente por ser apoiante de Hitler e não ter mostrado compaixão perante o sofrimento do povo judaico. Na altura da sua morte, contudo, Pio XII era muito admirado: basta lembrar o agradecimento de Golda Meir, a ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, a qual enviou uma mensagem ao Vaticano por ocasião da morte de Pacelli – “Lamentamos, perdemos um servidor da paz. A voz do Papa durante o nazismo foi clara e em defesa das vítimas”.

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