É a 12 de Maio de 1807, ao sair da Revolução que tinha varrido de França todas as Ordens Religiosas, que uma cerimónia pouco habitual atrai à Igreja de São Pedro os habitantes de Chalon-sur-Saône. Nove jovens preparam-se para receber do Bispo de Autun, um hábito religioso. Entre estas aspirantes à vida religiosa encontravam-se as quatro filhas Javouhey cuja família era bem conhecida em toda a aldeia de Chamblanc, perto de Seurre. Ana, a mais velha, tinha já começado a reunir os órfãos, as crianças pobres, para os educar e formar no amor ao trabalho, prepará-los a uma vida de bons cristãos e de bons cidadãos. Dizia-se que durante os dias maus do Terror, ela tinha escondido padres refractários, catequizando as crianças e mesmo, numa missa clandestina à noite, consagrou toda a sua vida a Deus. Quando o Papa Pio VII passou em Chalon em 1805, recebido com entusiasmo pelo povo cristão estas quatro jovens Javouhey puderam aproximar-se dele e falar-lhe. Ele abençoou-as e encorajou-as. A 12 de Dezembro de 1806, Napoleão, que se encontrava nessa altura na Prússia, assinou a aprovação legal da «Associação de São José». Depois de tantas perturbações, anunciava-se então uma nova era para a Igreja e para a vida consagrada. A 12 de Maio de 1807, chegou o dia em que a Igreja oficializou as promessas das nove jovens borgonhesas. Em presença de um numeroso clero, das autoridades civis e de muita gente intrigada por um espectáculo tão novo, o Bispo de Autun recebeu durante a missa a sua profissão religiosa. As jovens consagraram-se a Deus pelos três votos de castidade, pobreza e obediência e acrescentaram o de se dedicarem à instrução da juventude, segundo os seus Estatutos aprovados provisoriamente pela autoridade eclesiástica. De tarde, o Bispo, acompanhado de vários eclesiásticos, reuniu em Capítulo as novas religiosas para proceder à eleição da sua Superiora Geral. Como se previa, a Irmã Ana Maria Javouhey foi escolhida por todas as companheiras para assumir esta responsabilidade. Um pouco mais tarde a Congregação assim fundada naquele dia juntará ao seu nome o do lugar do seu primeiro noviciado: Cluny. Em 2007, na celebração deste bicentenário cerca de 200 Irmãs delegadas vão encontrar-se em França, durante um tríduo nos lugares fontes da Congregação. Eucaristias festivas e várias celebrações terão lugar em Cluny à volta do tema «Terra das raízes da fundação»; em Autun et Seurre : «A terra deu o seu fruto»; em Chalon e Dijon: «Toda a terra canta a sua alegria». A 12 de Maio, exactamente o dia do aniversário da fundação em 1807, as Irmãs presentes na Catedral de Autun e todas as outras, dispersas pelo mundo, renovarão os seus votos segundo uma mesma fórmula. Domingo, 13 de Maio a missa celebrada na Igreja de São Pedro de Chalon, que será transmitida em directo na televisão de França. Em Paris, a 14 de Maio, encerrar-se-á este tríduo com o tema: «Terra dos homens, povo de irmãos», porque a Casa Mãe encontra-se na capital francesa. Foi lá que a Madre Javouhey passou os últimos meses da sua vida terrestre; é lá que estão os seus restos mortais depois da sua Beatificação em Roma, a 15 de Outubro de 1950; é lá o centro e o coração da Congregação. Em Portugal, em vários locais onde a Congregação está inserida, e em sintonia com França, far-se-ão tríduos e celebrações eucarísticas em acção de graças pelos duzentos anos da Congregação. E como gesto simbólico e unificante, serão realizadas largadas de balões com mensagens de Paz (200 balões brancos com mensagens de paz, feitas pelos alunos dos centros educativos e da catequese, confiada às Irmãs), marcando um dia de PAZ. Porém, a celebração do encerramento do bicentenário realizar-se-á em Fátima no dia 27 de Maio, no Centro Pastoral Paulo VI, com um programa que inclui dois momentos fortes: Eucaristia presidida por D. António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro e uma tarde cultural, trazendo ecos das celebrações em França e um “festival da canção”.Que Maria (Superiora Geral Perpétua da Congregação) abençoe e proteja esta família religiosa na Igreja. Ir. Matilde Faneca