Papa evoca luzes e sombras da América Latina

Bento XVI passou em revista os principais momentos da sua recente viagem ao Brasil, assinalando «injustiças» sobre as populações indígenas Bento XVI falou hoje da sua recente viagem ao Brasil, que considerou uma viagem entre “luzes e sombras” sociais e religiosas, com a qual quis “reconfirmar” valores cristãos profundamente enraizados na América Latina, que se defrontam com profundos problemas socio-económicos. O Papa procurou amenizar a polémica provocada pela suas declarações sobre a evangelização das populações indígenas, indicando hoje que “não podemos esquecer as sombras” que acompanharam a evangelização da região, na altura da colonização. Evocando os “sofrimentos e injustiças” infligidas às populações indígenas, Bento XVI disse que as mesmas tinham sido atingidas nos seus Direitos Humanos fundamentais. Este reconhecimento “doloroso”, prosseguiu, não deve impedir que se perceba “a obra maravilhosa cumprida pela graça divina, ao longo destes séculos”. “A imperiosa menção de tais crimes injustificáveis – crimes aliás já então condenados por missionários como Bartolomeu de Las Casas e por teólogos como Francisco de Vitória, da Universidade de Salamanca – não deve impedir que se tome consciência com gratidão da maravilhosa obra realizada pela graça divina entre aquelas populações no decurso destes séculos”, apontou. “O Evangelho tornou-se assim no Continente o veículo de uma síntese dinâmica que, com diversos matizes, segundo as diferentes nações, exprime em todo o caso a identidade dos povos latino-americanos”, disse ainda. Bento XVI passou, depois, para a questão da relação entre fé e cultura, sempre presente nos pontificados dos seus predecessores Paulo VI e João Paulo II. “Quis retomá-la, confirmando a Igreja que está na América Latina e nas Caraíbas no caminho de uma fé que se fez e faz história vivida, piedade popular, arte, em diálogo com as ricas tradições pré-colombianas e depois com as múltiplas influências europeias e de outros continentes”. Num olhar sobre o futuro da Igreja na América Latina, cujos Bispos estão reunidos em Conferência Geral, o Papa disse que a sua missão continua a ser o anúncio do “primeiro mandamento”, o do Amor. “Na minha viagem apostólica, quis exortar todos a seguir neste caminho, oferecendo como perspectiva unificante a da minha encíclica, resumida na expressão «é o amor que dá a vida»”, apontou, perante cerca de 50 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Na saudação em português, o Papa indicou que, “passados dois anos de Pontificado, tive por fim a alegria de ir à América Latina, que tanto amo e onde vive, na realidade, uma grande parte dos católicos do mundo”. “Desejo renovar a expressão da minha profunda gratidão pela acolhida que me ofereceram os Bispos do Brasil e da América Latina. Agradeço também ao Presidente da República do Brasil e às demais autoridades civis, pela cordial e generosa colaboração prestada na ocasião”, disse.

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