O cinema em séries

Entre outros costumes muito marcados – como reproduzir obras europeias com actores e realizadores locais – o cinema americano tem uma especial predilecção pela produção de séries, em que o mesmo tema, as mesmas personagens e, quanto possível, os mesmos actores passam de filme para filme com uma enorme economia de produção e, sobretudo, de lançamento publicitário. Há casos em que tal se justifica e é assumido à partida, como os três episódios de “O Senhor dos Anéis”, de produção maioritariamente australiana, ou “Harry Potter”, de “fabrico” britânico com alguma colaboração dos Estados Unidos. Em ambos os casos o número de espectadores foi crescendo de ano para ano, apenas se sentindo o primeiro sinal de saturação no quarto episódio de “Harry Potter”. Também “Rocky” e “Rambo” tiveram a sua época de sucesso mas não deixaram de revelar uma certa saturação por parte do público nos episódios mais recentes. Em “O Senhor dos Anéis” o segundo e terceiro episódios foram rodados quase inteiramente em paralelo, sendo a conclusão espaçada pelo processo de acabamentos diversos e montagem. Com Harry Potter o caso é mais sério, pois os livros são muitos e as personagens vão crescendo, crescendo também o risco da substituição de actores ao longo dos anos em que se adaptaram e adaptarão os sete livros. Mais dentro da linha do cinema de outros tempos temos o genuinamente americano “Piratas das Caraíbas”, que lança agora o terceiro episódio. Também neste caso o segundo e o terceiro capítulo foram executados em paralelo, com evidente economia de custos. E, como o nome já enchia os ouvidos do público mais jovem ou mais entusiasta das aventuras, foi fácil fazer crescer o número de espectadores, o que a avaliar em Portugal, foi significativo pelo número de salas preenchidas em cada estreia, respectivamente 67, 90 e 105 salas. O público acorre em massa a rever figuras que já lhes são caras, mas os produtores deverão estar atentos, pois de uma forma sistemática, ao quarto ou quinto episódio entra-se no declínio por saturação do público. Francisco Perestrello

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