Bispos latino-americanos olham para os desafios que se colocam à Igreja e apelam a uma nova evangelização Os delegados dos episcopados latino-americanos e caribenhos à Conferência de Aparecida, sublinharam a “mudança de época” que se vive na região, com impacto na realidade social, política, económica e religiosa. “Não estamos a fazer mudanças na casa, seja o tapete ou a cor das paredes, estamos a mudar de casa”, comentou D. Luis Augusto Castro, Arcebispo de Tunja e presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, em conferência de imprensa no final da tarde desta sexta-feira, no Santuário de Aparecida. Segundo o Arcebispo, essa mudança de época é um “enorme desafio” para a Igreja, sobretudo porque “essa nova cultura não é muito amiga da Igreja”. “Temos de ver como podemos ser discípulos e missionário neste tempo de mudança civilizacional”, destacou D. Angélico Sândalo, Bispo de Blumenau (Brasil). Estes bispos ainda destacaram três outros pontos nas suas reflexões: a transmissão da fé de geração para geração; a dignidade humana e a desigualdade social persistente na América Latina. Segundo explicou D. Castro, esses temas confluirão para os trabalhos das Comissões, até culminarem no texto do documento final, que será apresentado a Bento XVI para apreciação no dia 11 de Junho. A primeira semana de trabalho da Quinta Conferência foi dedicada às intervenções dos presidentes de Conferências Episcopais, representantes da Cúria Romana e à observação em grupos do “tempo actual”, nome dado à primeira unidade temática da Quinta Conferência. Na próxima semana serão definidas as Comissões que trabalharão os diferentes tópicos daquele que será o documento final. Reevangelizar Os Bispos reunidos na V Conferência Geral do episcopado latino-americano e caribenho sublinharam a necessidade de reevangelizar a América Latina: “Todos os habitantes desse continente são destinatários do Evangelho e precisamos de reenvangelizar os nossos países”, referiu o Arcebispo de San Salvador, D. Fernando Sáenz Lacalle, ao presidir à Eucaristia desta sexta-feira. Na sua homilia, o Arcebispo salvadorenho relacionou a evangelização nos dias actuais com o realidade do apóstolo Paulo, no início do Cristianismo: “A primeira evangelização teve que enfrentar o mundo pagão (…). Não é muito diferente o panorama que se nosapresenta, com leis como a eutanásia”. “São muitas as vítimas da cultura que se impõe através dos meios de comunicação social com a cumplicidade de governo e legisladores que deturpam a sua inocência. A corrupção de costumes e dos meios de comunicação social criam um ambiente de pecado que roubam a graça de Deus e alma dos grandes e dos pequenos”, indicou. D. Lacalle disse ainda que é missão dos ministros ordenados da Igreja alertar os fiéis a “nadarem contra a corrente” para que vivam com a ajuda dos sacramentos em união com Deus, sejam santos e cristianizem o mundo. Invocando o Espírito Santo sobre os trabalhos da Conferência, D. Lacalle agradeceu a Deus pela esperança que “invade os corações” dos 262 participantes do encontro. “Estamos a trabalhar na redencão do mundo actual e por isso tropeçamos muitas vezes pelas dificuldades, mas os nossos sofrimentos não são superiores aos sofrimentos que Jesus viveu pela humanidade e em breve nos alegraremos. Estamos a viver uma mudança de época no mundo e muitas dificuldades, mas devemos ter esperança”, apontou. (Com agências) Todas as notícias América Latina