Encontro ecuménico em Estugarda reforça valor da tradição cristã

“Testemunhar o contínuo desenvolvimento de uma nova comunhão entre todos porque percebemos, de uma forma cada vez mais clara, a nossa responsabilidade de aceitar o desafio da Europa de hoje, criando uma forte coesão social na multiplicidade cultural”. Assim escreveram os participantes na manifestação ecuménica “Juntos pela Europa”, que decorreu em Estugarda, na Alemanha. Numa iniciativa de 250 movimentos e comunidades cristãs, os valores fundadores para a construção de uma Europa mais solidária e aberta à multiplicidade cultural, ecoaram entre os cerca de oito mil participantes em Estugarda. “A pós modernidade não pode apagar a dimensão espiritual da Europa”, sublinhou o Papa através de uma mensagem veiculada pelo Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, que o representou no encontro. “O património humano e espiritual é indispensável para o autêntico desenvolvimento da Europa”. Esta foi uma oportunidade para “dissolver preconceitos, superar nacionalismos e barreiras históricas e impulsionar o compromisso, a fim de que não desapareça a dimensão espiritual na Europa dos tempos pós-modernos”. A dimensão ecuménica do encontro foi sublinhada pelo Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que se referiu a um dos “acontecimentos mais importantes do ano”. “O homem foi criado à imagem de Deus, longe dos esquemas humanos, das diferenças ideológicas e das diferenças de classe”, referiu o Patriarca ecuménico (ortodoxo) de Constantinopla, Bartolomeu I. Por sua vez o Arcebispo de Canterbury e primaz da Igreja anglicana, Rowan Williams, elogiou a celebração do encontro, organizado “não por quem quer ter todas as respostas para os males da Europa, mas pelos que sabem que existe uma verdadeira esperança e uma fonte de renovação muito além de todos os nossos projectos e de todos os nossos recursos”. Teresa Guedes, do Movimento Focolares em Portugal, deslocou-se à Alemanha para sublinhar que “é possível, continuando com os carismas próprios, chegar à unidade” e que é possível “fazer algo pela descristianização da Europa, onde os comportamento cristãos ainda têm uma palavra a dizer”. Teresa Guedes destaca a oportunidade de ter aprofundado, em mesas de trabalho, temas como “a prioridade a dar a África, o espírito da Europa, política dos cristãos, valores da vida”, relembra. Oportunidade para, com diferentes perspectivas, aprofundar valores que dizem respeito a todos os cristãos. O quadro de “algum pessimismo” que a Europa atravessa, “é pessimista demais”, sublinha. Inúmeras iniciativas de movimentos cristãos, contrariam a mensagem negativa que se veicula. “Assisti e testemunhei muitas pessoas comprometidas com o seu movimento e Igreja, prontas para trabalhar, em áreas tão distintas como os toxicodependentes, pobreza, mas dando respostas cristãs”, aponta. Talvez porque se sublinha mais o «mal» do que o «bem», seja essa a mensagem veiculada, mas “estão a surgir muitos valores que querem combater a descristianização”, afirma Teresa Guedes, acrescentando que os dias em Estugarda serviram precisamente para assistir a esse movimento positivo. No documento final do encontro, os participantes manifestaram “a consciência que a nossa diversidade representa uma riqueza e não um motivo de medo e separação”. Os movimentos quiseram por-se ao serviço da paz e da união “valores que são o fundamento da Europa de hoje” e quiseram comunicar à Europa e ao Mundo “o Evangelho da vida e da paz “sempre actual e vital que anima os Movimentos e comunidades. Desejamos mostrar hoje os frutos das raízes cristãs da Europa que estiveram na base da fundação”. Os participantes da segunda edição do “Juntos pela Europa”, disseram “sim à vida” e ao empenho na defesa da dignidade em todas as fases da vida, desde a concepção até à morte natural. Enfatizaram um “sim à família como fundamento para uma sociedade solidária e aberta ao futuro”. Os jovens posicionaram-se pelo “sim a uma economia justa, ao serviço de todas as pessoas e de toda a humanidade” e ainda a favor da solidariedade com os pobres, que são nossos irmãos”. Os movimentos e comunidades cristãs disseram também sim à “paz” e manifestaram o seu empenho para que as situações de conflito “se possam transformar em reconciliação, através do diálogo. Sem paz o nosso mundo não tem futuro”. “Sim à responsabilidade de toda a sociedade no empenho a trabalhar para a solidariedade e acolhimento de todas as pessoas independentemente da origem e cultura”. Esta posição foi endereçada a todos os jovens e à União Europeia para um empenho “com decisões para os pobres e para o desenvolvimento dos países sub desenvolvidos, com particular atenção para África”.

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