Festa das Cruzes uniu Barcelos

Barcelos viveu, ontem, a apoteose de mais uma edição da Festa das Cruzes. Uma festividade que une todo o concelho em torno de uma devoção e romaria seculares, que é motivo para manifestações de fé e de folia próprias de uma festa popular. O dia mais alto da festa está reservado, quase em exclusivo para as cerimónias litúrgicas, aliás, o sustento de toda a festividade. O Arcebispo emérito de Braga, D. Eurico Dias Nogueira presidiu, de manhã, no Templo do Bom Jesus da Cruz, à missa solene, que contou com a animação de um coro misto, acompanhado pelo renovado órgão de tubos daquela igreja. Estiveram cerca de 300 pessoas a participar na celebração no interior do templo. Na homilia, o padre José Vilar, arcipreste de Barcelos, não se cansou de apontar para a Cruz como meio de libertação e de esperança do homem. Manifestou-se contra a corrente laicista que pugna por «eliminar as raízes cristãs da Europa», resultando numa «desfiguração» do rosto deste continente. O sacerdote referiu que «à maior disciplina – que é imposta pela própria Cruz – corresponde a máxima liberdade». E rematou salientando que «a Igreja tem o dever grave de proclamar a verdade e é o que faz ao longo dos tempos, contra correntes e marés». Mal acabou a eucaristia, nas costas do templo central da festa, no palco virado para a Avenida da Liberdade, a Banda Musical de Oliveira começou a sua actuação perante a resistência de mais de uma centena de pessoas que abdicaram de ir almoçar a horas, para ouvir a orquestra. A comemorar 225 anos de existência, aquela banda conta com 62 músicos, sendo que o mais novo tem 11 anos e o mais velho 69, actuando há 50 anos na mesma orquestra. O maestro Alberto Bastos disse ao Diário do Minho que a base da banda resulta da formação da escola de música que a instituição detém. Perante o peso de um passado já longo, o responsável artístico confessou que encara esse cenário «com responsabilidade de quem quer honrar o passado, afirmando e garantindo o futuro». Ora, para garantir esse mesmo futuro, a Banda Musical de Oliveira está prestes a lançar o seu primeiro CD, como adiantou José Macedo, vogal da direcção. Para marcar a efeméride e dar mais visibilidade à banda, está agendado para Setembro um grande espectáculo para Barcelos e, a 7 de Outubro, na freguesia de Oliveira, a banda assinala o ponto mais alto das comemorações com uma missa que será transmitida pela televisão. À tarde, muitos milhares de pessoas assistiram e participaram na emblemática Procissão da Invenção da Santa Cruz, que foi presidida pelo Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga. O prelado, na conclusão do cortejo religioso – que junta vários andores com cruzes e as cruzes de todas as paróquias do maior concelho do país – disse que Barcelos demonstra que é possível ligar a Cruz à festa, porque «tem fé» e olha para aquele que é um instrumento de tortura «consciente que se trata de um caminho de salvação». Olhando para as dezenas de cruzes paroquiais, D. Jorge Ortiga apelou para que «cada comunidade seja verdadeira família solidária» e não um mero aglomerado sem relação.

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