Discípulos e Missionários

Antecipando a Conferência de Aparecida, um olhar sobre nova realidade de um continente em transformação, com desafios profundos para a Igreja Depois do Sínodo das Américas em Roma, temeu-se o fim das “conferências gerais” do episcopado da América Latina. Mas as Conferências episcopais fizeram um pedido formal ao Papa. E João Paulo II deu luz verde: “Eu quero o que a Igreja da América Latina quer”. Convocou a Conferência, definiu o tema e Bento XVI, escolheu o local, Aparecida, Brasil. Muitos têm poucas esperanças no seu bom sucesso. Porque baixou a esperança? 1. A crise dos valores da civilização atingiu também a Igreja. As mudanças são tão rápidas e profundas que há dificuldade em descobrir as respostas pastorais. 2. O Brasil perde, a cada ano, 1% dos católicos. Em 30 anos, os que se dizem católicos baixaram de 95% para 65%. Cresce o número dos indiferentes e pentecostais. Ensaiou-se a mudança pastoral: mais voltada para o acolhimento, a evangelização e as megalópoles que concentram a maioria da população. A Igreja aprendeu a usar os meios de comunicação. Mas a pastoral de conjunto não mobiliza a maioria das comunidades, como anos atrás. 3.Na prática, o mais visível no Brasil, é o esforço para reconquistar os não praticantes, com técnicas de marketing, métodos pentecostais e apelos à religiosidade que atrai as massas. Terá futuro uma Igreja voltada para si e para as necessidades institucionais? É possível a esperança? a) A hora da Graça: A Conferência de Aparecida é “o momento oportuno para a Igreja se posicionar diante da nova realidade de um continente em profunda transformação, cuja identidade vai rapidamente prescindindo de sua vinculação com a Igreja Católica, que por isto se questiona e se pergunta como fazer para continuar tendo significação histórica para um povo que já não se sente obrigado a identificar-se com ela. Aparecida apresenta-se como momento privilegiado, hora da graça, oportunidade imperdível, para a Igreja ouvir os apelos que o Espírito lhe faz através da realidade, que clama por um reencontro fecundo com o Evangelho de Cristo e por novas formas de expressão eclesial.” (D. Demétrio Valentini – Bispo de Jales, S. Paulo) b) Missão e missionariedade, serão destaque pelo tema: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que n’Ele os nossos povos tenham vida. Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” “Nos processos da assunção do Vaticano II na América Latina e no Caribe produziu-se um deslocamento do “ter missões” ao “ser missionário”; o deslocamento de uma Igreja que tem missões territoriais, pelas quais se fazem colectas e orações para que possam trazer a humanidade não-cristã à Igreja Católica, para uma Igreja na qual a missionariedade representa uma orientação fundamental de todas as suas actividades.” Paulo Suess d) Avançar a partir da tradição: Mais do que grandes documentos, sinais, gestos simbólicos para esta hora. “Dá para dizer que a tarefa desta Conferência deve consistir em grandes opções estratégicas, evangélicas, que deixem o caminho aberto para outros desdobramentos. Em síntese, Aparecida é chamada a RECUPERAR, REAFIRMAR E AVANÇAR.” ( D. Demétrio) e) Resposta exigente. Responder aos indiferentes e aos pentecostais, exige aprofundar a ligação ao Espírito e ao Dom. Contra a tirania do mercado excludente e empobrecedor, a Igreja deve propor a gratuidade. Diz Paulo Suess: ” Seguir Jesus no Espírito Santo significa viver a gratuidade como atitude pascal. O Evangelho da Graça faz-se presente em todas as formas de doação da vida como abertura ao Reino.” Na TV teremos imagens dos 3 dias de presença de Bento XVI com a juventude, a canonizar S. Galvão, na abertura da conferência. Mas haverá vida fora da pantalha. Em Aparecida estará a Tenda dos Mártires, chegarão multidões em Romaria (19 de Maio) haverá o congresso teológico (Pindamonhan-gaba, 18 – 21 de Maio). Ao longe, todas as comunidades rezam, para que a hora de Deus não passe em vão. Pe. Jerónimo Nunes, Missionário da Boa Nova, antigo missionário no Brasil

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