Arquidiocese realiza assembleia para apresentar e debater documento
Braga, 14 jun 2022 (Ecclesia) – A síntese da fase diocesana do processo sinodal na Arquidiocese de Braga, divulgada online, alertou para uma Igreja “fechada”, marcada pelos efeitos negativos da pandemia, pedindo uma “pastoral do encontro”, com atenção a quem se encontra nas periferias.
“Sente-se uma Igreja envelhecida, acomodada, fechada e voltada para si própria, que ainda valoriza muito o ritualismo e vive distante do mundo e da vida das pessoas. Reconhece-se que, no nosso contexto, as igrejas estão cada vez mais vazias, há menos participação nos sacramentos; em particular por parte dos jovens e das famílias”, indicam os participantes nesta fase do Sínodo 2021-2023, convocado pelo Papa Francisco e que, desde outubro do último ano, decorreu a nível local, nos cinco continentes.
O texto vai ser debatido hoje, pelas 21h00, no ‘Espaço Vita’, em Braga, numa Assembleia Diocesana Sinodal presidida pelo arcebispo primaz, D. José Cordeiro.
A síntese diocesana propõe que cada comunidade católica “possa ter ‘outros olhares’ e que se abra ‘ao diferente, ao novo’, acolhendo, integrando e incluindo grupos que são “sistematicamente excluídos ou marginalizados” e com quem está em “dívida de escuta”, como a comunidade LGBTQIA+, minorias étnicas, pessoas portadoras de deficiência, com dependências, em situação de reclusão, migração, pobreza ou doença.
Os participantes sublinham também a importância da dimensão sociocaritativa e pedem “uma Igreja verdadeiramente ao serviço dos outros”, que seja capaz de mobilizar recursos em favor da justiça e equidade social, “proativa em relação aos problemas da atualidade”, como as alterações climáticas, a crise dos refugiados, e “zelosa dos mais frágeis e idosos”, atenta às questões do mundo do trabalho e “às dificuldades laborais e financeiras dos jovens e das famílias”.
Segundo a síntese, um dos âmbitos “mais debatidos, as questões relativas à vivência comunitária”, nomeadamente o exercício de governação, onde a figura do pároco é entendida como “uma presença reconfortante e colaborativa”, que assume um papel de liderança que “desafia, motiva e orienta a comunidade”, mas também como alguém que “transmite autoritarismo, sem capacidade de escuta, que não incentiva à participação e que afasta as pessoas”.
“Ou que não tem tempo para partilhar da vida dos seus paroquianos, pelo número de paróquias a seu cargo e pela excessiva carga de tarefas que assume. Alguns sugerem uma reorganização pastoral das comunidades”, acrescenta a síntese.
O “papel dos leigos” foi outro dos aspetos mais referidos e as sínteses identificaram a formação e, especificamente, a formação de lideranças como “absolutamente premente e essencial”, e pede-se “uma Igreja participativa”.
Sobre a participação das mulheres, o diaconado feminino e a ordenação são “opções a ser discutidas com abertura na vida da Igreja”, lê-se no documento publicado no sítio online da Arquidiocese de Braga.
O texto recolhe contributos que chegaram maioritariamente das paróquias/unidades pastorais/arciprestados, alguns movimentos/departamentos e da vida consagrada, sendo “escassos” os contributos de pessoas fora de grupos eclesiais preexistentes, das “periferias/minorias”.
A assembleia sinodal desta noite começa com uma intervenção de D. José Cordeiro, arcebispo de Braga, permitindo depois que os participantes partilhem opiniões e experiências sobre o processo sinodal e sobre a síntese da arquidiocese.
Posteriormente, a equipa diocesana do sínodo “fará possíveis ajustes à síntese final” que vai enviar “a Fátima, para a Conferência Episcopal Portuguesa”.
O Sínodo 2021-2023, subordinado ao tema ‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão, ’promove um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.
CB/OC
