Contemplar o Amor da Trindade
Neste domingo da Santíssima Trindade celebramos Deus em três pessoas, Deus que é amor, família e comunidade, e quer fazer-nos comungar desse mistério.
A primeira leitura convida-nos a contemplar Deus criador, cuja bondade e amor se manifestam na beleza e na harmonia das obras criadas.
Na segunda leitura acolhemos Deus que nos ama e nos salva de forma gratuita e incondicional. Através do Filho e do Espírito derrama sobre nós os seus dons e oferece-nos a vida em plenitude.
São Paulo refere os frutos que resultam deste acesso à salvação como dom de Deus: a paz como plenitude de bens em Deus, já que Ele é a fonte de todo o bem; a esperança de um sentido novo para a vida presente, na certeza de que as forças da vida triunfarão; o amor de Deus derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado.
O Evangelho convoca-nos também para contemplar o amor do Pai, que se manifesta na doação e na entrega do Filho, e que continua a acompanhar a nossa caminhada histórica através do Espírito.
À luz da Palavra que nos é servida como alimento neste domingo, a compreensão da Trindade, que é Santíssima, não pode ser no sentido de decifrar uma espécie de charada de “um em três”. A nossa atitude fundamental deve ser sobretudo a contemplação de Deus amor e comunidade.
Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar a fé.
Dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é também negar a fé.
A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. Deus torna-se Trindade de pessoas distintas, mas unidas.
Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o mistério de Deus Trindade, que é Pai, Filho e Espírito, afinal a pedra angular da fé cristã, a diferença essencial em relação a outras conceções de Deus.
Mas nunca devemos parar na caminhada para a meta final desta história de amor através da nossa inserção plena na comunhão com Deus, que se torna também comunhão com os irmãos.
Durante a semana que hoje se inicia, procuremos dedicar mais tempo à oração e à contemplação, para nos deixarmos mergulhar no coração deste mistério de Amor da Trindade e recentrar de novo as nossas vidas de batizados no amor, na paz e na esperança, como dons do Espírito para cada um de nós e para toda a Igreja nele gerada.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos,org