Sri Lanka: «Aqui não existem direitos humanos»

Comissão Justiça e Paz pede intervenção de Bento XVI, que recebe hoje o chefe de Estado deste país, em audiência Justiça e Paz do Sri Lanka: «Aqui já não existem direitos humanos» Ante a audiência do Papa ao Presidente do Sri Lanka Em vésperas da audiência no Vaticano do presidente do Sri Lanka, a Comissão Justiça e Paz da diocese de Jaffna, pede a Bento XVI a sua intervenção para que se respeite o cessar-fogo de 2002 e para que se investiguem os desaparecimentos e se permita liberdade de movimento à ajuda humanitária no Sri Lanka, informa a agência de notícias AsiaNews. O chefe de Estado do Sri Lanka, Mahinda Rajapakse, já se encontra em Roma e participou ontem, com sua delegação, nas celebrações do segundo aniversário do pontificado de Bento XVI. Hoje, o Papa recebe o chefe de Estado em audiência. Justiça e Paz de Jaffna, a norte do país, escreveu uma carta ao Papa para “informá-lo e chamar sua atenção” sobre alguns problemas que afligem o país. A Comissão sublinha a necessidade de reabrir, “sob o controle de uma equipa internacional”, a estrada A9, única via de comunicação de Jaffna com o resto da ilha e uma via para a ajuda humanitária. Solicitam também ao Papa que interceda no envio ao país de “observadores da Comissão da ONU para os direitos humanos que questionem os numerosos casos de desaparecimento”, impunes. Só em 2006, foram registados 586 desaparecimentos. Desde que Rajapakse chegou ao poder, há cerca de um ano e meio, assiste-se a fortes confrontos, que levaram à anulação do cessar-fogo assinado em 2002 entre as facções em guerra. Por seu lado, o núncio no Sri Lanka, Mario Zenari, recordou que “desde Agosto de 2006 até hoje, quatro vezes, em ocasiões públicas, Bento XVI condenou a guerra entre Exército e rebeldes tâmeis, invocando uma solução diplomática”. Mas a visita ao Vaticano suscita dúvidas entre a comunidade católica local, que vê apenas uma tentativa de Rajapakse de ganhar o apoio da Igreja na luta contra os rebeldes dos tigres tâmeis, oferecendo a “versão governamental” do conflito étnico. O Pe. Reid Shelton Fernando, capelão do Movimento de Jovens Trabalhadores, indica que se a verdadeira intenção é a de informar Bento XVI sobre a situação e confirmar a vontade de pôr fim à guerra, deveriam ter incluído na delegação também membros católicos de outros partido. Outros acrescentam: “Se o fim não é a propaganda, por que não foram enviados também políticos católicos da minoria tamil?”. O Vaticano encara com esperança este primeiro encontro de um presidente do Sri Lanka com Bento XVI. “Além de um encontro entre dois chefes de Estado será um encontro espiritual que pode contribuir para fazer os frutos da paz amadurecerem”, conclui o Núncio. Com Agência Zénit

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