Amélia Simões Figueiredo fotografou uma mulher em condição de sem-abrigo no balneário de Alcântara
Lisboa, 26 mai 2022 (Ecclesia) – A diretora da Escola de Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde (Lisboa), da Universidade Católica Portuguesa, retratou uma mulher em condição de sem-abrigo a escolher roupa no balneário de Alcântara e venceu o concurso ‘Cuidar da Casa Comum’.
“Esta possibilidade de no meu dia ter a opção de escolher alguma coisa confere dignidade humana, autodeterminação, e este sentido de cuidar e auto-cuidar de si própria”, disse Amélia Simões Figueiredo, esta quarta-feira, em declarações à Agência ECCLESIA.
A professora de enfermagem explica que na fotografia há dois casacos, um rosa à direita, e a mulher em condição de sem-abrigo está a vestir o outro aos quadrados, e tem calçado um sapato de cada cor, “um preto e um castanho, e está a ver qual é o que fica melhor com o conjunto”, em frente a um espelho.
“São pessoas que não têm opções de escolha, não escolhem onde dormem, o que comem, a cidade organiza-se para isso, e não exerço muito a minha dignidade, a minha autodeterminação”, desenvolveu a entrevistada.
A fotografia ‘Reflexos de vida num balneário público’, de Amélia Simões Figueiredo, venceu o concurso de fotografia ‘Cuidar da Casa Comum’, promovido pela Universidade Católica Portuguesa, no contexto do ‘Ano Laudato Si’ 2020/2021, e a exposição foi inaugurada esta quarta-feira, na sede da instituição.
Esta fotografia foi feita no âmbito do projeto de extensão universitária ‘Public Bathhouse Nursing’ de apoio às pessoas em situação de sem-abrigo no balneário de Alcântara (Lisboa), do Instituto de Ciências da Saúde da UCP, na área da enfermagem.
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A diretora da Escola de Enfermagem explica que este projeto tem várias dimensões e mobiliza os estudantes dos três ciclos de estudo: Os alunos da licenciatura “trabalham muito as questões da cidadania e responsabilidade social, angariando bens”, 30% dos utilizadores são pessoas em condição de sem-abrigo.
Os alunos do mestrado de Enfermagem Comunitária em Saúde Pública e duas professoras da UCP, que estão a fazer o doutoramento, “uma voltada para as questões da mulher sem-abrigo, e outra está a trabalhar a parentalidade em famílias em condição de sem-abrigo”.
Amélia Simões Figueiredo assinala que, todas as quartas-feiras, têm “uma consulta atipia” porque existe um gabinete mas a aproximação às pessoas no balneário de Alcântara, “muitas vezes, é no local do banho, da escolha da roupa”, e, às vezes, são estes objetos que estabelecem a comunicação e “o dar sentido à história destas pessoas”.
A reitora da Universidade Católica Portuguesa salientou que “é um projeto de corresponsabilização social” e demonstra que a missão da universidade, “no que são as suas práticas de ensino, os modelos de investigação”, tem “obrigatoriamente de se verter em estratégias de chegar às populações”.
“Com o fito de conseguir que o nosso modelo social seja mais equitativo, melhor, e recuperar essas pessoas que se encontram numa situação de grande fragilidade; A investigação existe como finalidade em si mas para servir a melhoria da condição das pessoas e do planeta”, disse Isabel Capeloa Gil, em declarações à Agência ECCLESIA.
Para além de inaugurar a exposição de fotografia ‘Cuidar da Casa Comum’, a UCP lançou o livro ‘As coisas podem mudar’, com os textos das conferências de abertura e encerramento do ‘Ano Laudato si’’, respetivamente dos cardeais Luis Antonio Tagle e José Tolentino Mendonça.
Rita Paiva e Pona, assessora da Reitoria da UCP e responsável do Gabinete de Responsabilidade Social, disse na sessão de encerramento do Ano Laudato Si que foram desenvolvidas 12 ações, onde se inclui o concurso de fotografia, inaugurado também nesta quarta-feira nos centros de Braga, Porto e Viseu da UCP.
Nesta sessão foi também assinalada a importância do compromisso da Universidade Católica Portuguesa “com práticas de sustentabilidade ambiental, social, cultural e económica”, que está no seu Plano de Desenvolvimento Estratégico 2021-2025.
PR/BC/OC