UCP volta a reivindicar liberdade de escolha no ensino

O reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) voltou ontem a reivindicar do Estado a liberdade de escolha no ensino há muito prometida. Manuel Braga da Cruz, que presidiu à cerimónia de entrega de diplomas aos mestres e licenciados pelas faculdades do Centro Regional de Braga daquela universidade, enalteceu «a coragem e o esforço» que as famílias dos alunos tiveram e continuam a ter de dispensar para os manter a estudar na UCP. «Só graças às famílias é que os diplomados podem estar agora a receber os seus diplomas», vincou o reitor, acrescentando que, pelo facto de terem escolhido a UCP para a formação dos seus filhos, enfrentaram «maiores encargos financeiros». Contudo, Braga da Cruz salientou que as famílias dos alunos, «ao exercerem o direito à liberdade de escolha, prestam um serviço ao ensino e à UCP mas, sobretudo, ao país, a quem dão um excelente exemplo». Comedido nas críticas ao poder central, o reitor da universidade relembrou o facto de «ainda não existir liberdade de ensino em Portugal», esperando que a situação se inverta no futuro. Numa altura em que a UCP Famílias elogiadas pela coragem UCP volta a reivindicar liberdade de escolha no ensino comemora 40 anos ao serviço da investigação e do ensino superior em Portugal, Braga da Cruz disse não poder esquecer a efeméride – aliás, as comemorações tiveram início no passado dia 2 de Fevereiro em Braga, na Faculdade de Filosofia – já que foi em Braga que a universidade nasceu. «Toda a presente estrutura da UCP tem uma enorme dívida de gratidão para com os seus fundadores», asseverou o máximo responsável da universidade, acrescentando que esse reconhecimento é extensível aos actuais directores das faculdades e do próprio centro regional, que têm prestado, ao longo dos anos «excelentes serviços à sociedade, à Igreja e à cultura». Dirigindo-se, em particular, aos novos diplomados e a todos os antigos alunos, Braga da Cruz disse que a UCP deposita em todos «as melhores esperanças». Salientando que todos eles receberam uma licença para representar a universidade na sociedade, o reitor disse esperar que demonstrem sempre ser os melhores. Licenciados devem avançar até ao mestrado O presidente da comissão instaladora do Centro Regional de Braga da UCP relembrou, no seu discurso, da necessidade da formação contínua. José Lima disse que a formação dos diplomados não acaba quando recebem os seus “canudos”. «Tendes necessidade de prosseguir os vossos estudos, talvez em ritmo diferente, abrindo o campo das vossas competências e sobretudo num projecto de contínua adaptação às novas esferas do saber», frisou o responsável regional da universidade. José Lima relembrou que nenhum licenciado pode hoje parar a sua formação no grau que alcançou. «Tendes de avançar pelo menos até ao grau de mestre, pois as exigências são hoje muito maiores», sublinhou o docente, avisando que «parar na formação supõe que estais convictos que não tereis trabalho por muito tempo». O presidente da comissão instaladora agradeceu às famílias, aos alunos e também às empresas e entidades que concedem bolsas de mérito aos alunos que se distinguiram ao longo do curso. Assim, a Arquidiocese de Braga, várias confrarias religiosas, a Companhia de Jesus, a Fundação Cupertino de Miranda, o Banco Espírito Santo, e as empresas Madeicávado, Giliana SA e Megatrónica, são os que instituíram prémios para os melhores alunos. Na mesma ocasião, José Lima revelou que a PT vai também instituir um prémio a galardoar o melhor aluno em tecnologias da comunicação, concedendo uma bolsa de estágio de três meses, remunerada em 600 euros mensais. Quanto à adaptação do Centro Regional de Braga da UCP ao processo de Bolonha, o presidente indicou que, durante o ano lectivo em curso, esse tem sido um dos campos de investimento dos conselhos científicos, anunciando para breve a revelação dos cursos que serão disponibilizados àqueles que pretenderem o grau de mestre. Na “Oração de Sapiência” – o momento alto destas cerimónias académicas – o professor João Duque caracterizou o sentido da universidade e a crise (de sentido) em que está mergulhada. O docente apontou que, neste campo, a Teologia poderá ter um papel preponderante para a renovação do ser universidade. É que, «a universidade está hoje sobretudo ocupada com saberes particulares, de ordem preponderantemente técnica e utilitarista, com horizontes de sentido limitados pela empregabilidade imediata ou pela rentabilidade interesseira », frisou o docente.

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