Tradição Pascal na Cónega ganha novo fôlego

A chuva ainda tentou ameaçar o compasso pascal na rua da Boavista, mas conteve-se para deixar cumprir uma tradição que tem resistido a muitas intempéries. Nos últimos anos, os moradores daquela que também é conhecida por rua da Cónega têm lutado contra “ventos e marés” para conseguirem manter vivo este ritual que atravessa gerações. E o esforço tem valido a pena. Já há sinais de que a festa está a recuperar a imponência de outros tempos, apesar da desertificação estar a apoderar-se daquela zona da cidade. Este ano, as associações locais decidiram contribuir para um maior dinamismo da parte cultural. Graças ao empenho do Grupo de Música Popular “Cantares da Terra”, do Grupo de Tradição Pascal na Cónega ganha novo fôlego Cordas da “Ida e Volta”; do Grupo de Gaitas da Equipa Espiral e do grupo de percussão da Associação 4.º Tempo, a praça junto ao Pópulo ficou com “lotação” totalmente esgotada no domingo à noite, dia em que também se realizou o “Pau do Bacalhau”. A “Queima do Judas” aconteceu, como é habitual, no sábado à noite. Segunda feira, mais uma vez, à hora marcada – 15h00 – as quatro cruzes, acompanhadas pelos novos párocos, Manuel Joaquim Costa e José António Andrade, desceram da Sé até à Cónega, onde eram esperadas por dezenas de pessoas. Habitantes, familiares, amigos e vizinhos concentraram- -se à entrada para lhes dar as boas-vindas e tornarem o momento ainda mais solene. Enquanto a Comissão de Festas, presidida por Manuel Gonçalves, saudava o compasso, as crianças aproveitaram para testar as campainhas que lhes foram confiadas para anunciarem a chegada de “Jesus ressuscitado” e os elementos da Banda de Música de Calvos redistribuíram-se pelos devidos lugares para alegrar a visita pascal. Nos passeios, as flores indicavam quais as portas que ainda estão abertas para receber “Deus Vivo”. Nas janelas e varandas, exibiam- se as colchas, um costume ancestral, demonstrativo de acolhimento e respeito por estas manifestações religiosas. Manuel Gonçalves, a pessoa que, com grandes sacrifícios pessoais, tem “segurado” esta festa, está confiante num futuro mais animador. Mesmo assim, enumera com tristeza as habitações que estão devolutas e o desinteresse de quem se vai instalando de novo. O presidente da Comissão de Festas deposita muita esperança nas famílias que, ano após ano, aceitam ser “mordomos”. Este ano, a tarefa coube aos descendentes dos Vilaça, uma das famílias mais numerosas e mais antigas da rua, que conseguiram dar um novo fôlego a esta tradição ancestral, que já esteve em risco de se perder. Apesar das dificuldades, essencialmente de cariz económico, Manuel Gonçalves não admite que a “Páscoa na Cónega” chegue ao fim. Gostaria de um reforço do apoio dado pela Câmara Municipal de Braga e de ver os agregados familiares mais novos a aderirem financeiramente. É que as licenças custam dinheiro e o fogo e a banda de música também.

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