A Igreja do Algarve iniciou na tarde de Quinta-feira Santa a vivência do Tríduo Pascal, o coração do ano litúrgico, tempo particularmente significativo para toda a Igreja pelo memorial dos mistérios da vida de Cristo, com a celebração da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, manifestando a sua gratidão a Deus pelo dom da Eucaristia e do sacerdócio. No dia em que a Igreja celebrava a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, o Bispo do Algarve, que presidiu à celebração na Sé Catedral de Faro, apresentou um percurso somário sobre a Exortação Apostólica de Bento XVI ‘Sacramentum Caritatis’, procurando despertar em cada um dos fiéis presentes o desejo de aprofundar a profundidade da Eucaristia que considerou um “tesouro” confiado por Cristo à Igreja. “Gostaria nesta Quinta-feira Santa, pelo seu cariz eucarístico, de vos ajudar a corresponder ao desejo do Santo Padre manifestado logo no início desta Exortação Apostólica: que o povo cristão aprofunde a relação entre mistério eucarístico, a acção liturgica e o novo culto espiritual que deriva da Eucaristia enquanto Sacramento da caridade”, afirmou. “Esta celebração iniciou-se com o sacrário aberto, sem a reserva do Santíssimo Sacramento, como se tudo acontecesse hoje pela primeira vez”, começou por destacar o Bispo diocesano, explicando que “a Páscoa da Ceia do Senhor substitui a páscoa judaica com a instituição da Eucaristia, pela entrega de Jesus, novo e definitivo cordeiro pascal, operando a libertação e a salvação de toda a humanidade na sua passagem, a sua Páscoa deste mundo para o Pai”. Relação entre a fé eucarística e celebração Procurando evidenciar a relação entre a fé eucarística e a celebração da Eucaristia, D. Manuel Quintas lembrou que “sempre que celebramos e participamos na Eucaristia actualizamos em nós e na Eucaristia a doação plena de Cristo que continua a amar-nos até ao fim”. “A Eucaristia é por excelência mistério de fé. É o resumo e a síntese da nossa fé, uma fé eucarística que se alimenta à mesa da Eucaristia”, esclareceu o Bispo diocesano, sublinhando que “quanto mais viva for a fé eucarística do povo de Deus, tanto mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio de uma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos”. “A história da Igreja testemunha-nos que toda a grande reforma está de algum modo ligada à redescoberta da fé na presença eucarística do Senhor no meio do seu povo”, considerou ainda o Prelado, salientando que “há uma relação entre a fé eucarística e celebração”. “É necessário viver a Eucaristia como um mistério de fé autenticamente celebrado”, referiu. O Bispo do Algarve lembrou ainda que “a fé e a celebração eucarística prolongam-se na adoração eucarística”. “O acto de adoração fora da santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica”, frisou, acrescentando que “precisamente neste acto pessoal de encontro com o Senhor amadurece depois também a missão social que está encerrada na Eucaristia”. E “a Eucaristia é igualmente um mistério para ser anunciado”, esclareceu D. Manuel Quintas. “Não podemos reservar para nós o amor que celebramos neste Sacramento. A Eucaristia impele todo o que acredita n’Ele a fazer-se pão repartido para os outros e consequentemente a empenhar-se num mundo mais justo e mais fraterno”, afirmou, considerando que “ao comungarmos do Corpo e Sangue de Jesus vamos-nos tornando participantes da vida divina” e que “somos convidados a fazer memória de Cristo no serviço recíproco da caridade fraterna”. Ao lava-pés realizado, referiu-se ainda como o gesto que Jesus realiza para “imprimir na mente dos apóstolos o sentido de tudo o que está para acontecer, quer na mesa da ceia pascal, quer na Cruz que há-de ser erguida no monte Calvário”. A terminar exortou ainda ao crescimento da importância dos presbíteros na Igreja, bem como da sua relação com a Eucaristia. “Só uma Igreja apaixonada pela Eucaristia se tornará geradora de vocações sacerdotais”, disse. Samuel Mendonça